🏅A briga das L1s
Bitcoin, Ethereum, Solana, Cardano, Polkadot, Celestia… Quem estará aí em 20 anos?
Layer 1, ou simplesmente L1, é o nome dado às soluções de primeira camada de Blockchain ou, em outras palavras, a rede onde tudo é construído em cima. De aplicações desenvolvidas nela mesmo até outras redes que se utilizam da L1 para segurança e constroem redes acima dela (L2s, L3s...) para ganhar escalabilidade.
Acredito em um mundo em que a interoperabilidade é a palavra da vez, ou seja, não acredito que teremos tudo em somente uma rede, isso não quer dizer que não teremos uma concentração em algumas L1s.
Até início de 2023 parecia que essa briga seria travada entre Ethereum, que tem um ambiente de inovação fantástico e que agrega a maioria dos desenvolvedores do ecossistema de blockchain e outras soluções tais como Solana, Cardano e Polkadot.
Mais recentemente duas coisas mudaram e que me chamaram a atenção.
A primeira é a rede Bitcoin voltando a querer atuar nessa disputa. Durante muito tempo a rede Bitcoin estava se colocando como uma rede extremamente “boring” com pouca inovação e com a ideia de que o seu token seria simplesmente um “ouro digital”. Essa situação me parecia insustentável e a discuti em uma Live de novembro (Fomo de volta em cripto | Ordinals | Bitcoin acima de 38K USD – a partir do minuto 18:07).
Com o advento dos Ordinals, a rede Bitcoin começou a trazer inovação para dentro, o atiçou novamente os espíritos dos apaixonados por essa rede. Tanto é que conversando com um amigo que esteve na Eth Denver, a impressão que ele teve foi de que os VCs estavam tendo que fazer pitch para os empreendedores que estavam desenvolvendo soluções de L2 para a Bitcoin e não ao contrário, como normalmente é.
Não acompanho ordinals de maneira diária, mas sei de muitas soluções e inovações que estão ocorrendo lá e o que tenho sentido é que o ambiente é dos mais promissores para isso. Muita gente falando, pessoas apaixonadas pelos projetos, criações de comunidades grandes em volta de narrativas e tokens, e por aí vai. Não muito diferente do que aconteceu com os Bored Apes na rede Ethereum anos atras e que agora se replica na rede Bitcoin. A história não se repete, mas rima.
A segunda coisa que tenho visto é a criação de Blockchains modulares. Na verdade, criação talvez nem seja a palavra certa aqui, já que o que vejo nesses casos é mais um rearranjo das funções que uma Blockchain tem que performar. Pegando a Celestia como exemplo, ela separou os módulos de execução, liquidação, consenso e disponibilidade de dados, de tal forma que esses módulos podem ser executados por agentes independentes, distribuindo a responsabilidade e facilitando o desenvolvimento de soluções.
Essas soluções de Blockchains modulares tem o seu embrião na própria mudança que a rede Ethereum fez quando transformou seu consenso para proof of stake e, com isso, deixou claro as funções de consenso, validação e execução. Abrindo espaço para soluções de L1 que realmente separassem essas funções e dessem incentivos corretos para cada uma.
Bem, de qualquer forma, essas redes modulares, apesar de promissoras, ainda estão em seu princípio e tem que se provar robustas e merecedoras de um lugar no futuro da infraestrutura global de blockchain.
Na base de toda essa discussão sobre redes está no trilema de Blockchain (escalabilidade, segurança e descentralização), onde se conseguiria maximizar somente dois dos três fatores. As soluções para isso, até o momento, têm sido via criação de L2, mas além da ideia de Blockchains modulares há também a questão de como Zero Knowledge pode afetar as redes e torná-las mais eficientes, conseguindo assim uma melhor performance dos três fatores em conjunto.
Saindo da arvore e tentando olhar a floresta, é amplamente positivo para o mundo a volta da rede Bitcoin para essa discussão, fazendo frente à rede que parecia estar ganhando de lavada nesse quesito, a Ethereum, e colocando pressão para que essa última continue a se desenvolver e trazer soluções para o mundo. A entrada no jogo de redes modulares e a utilização de Zero Knowledge deve também trazer perspectivas interessantes para essa disputa.
Um aspecto importante dessas redes está em para onde os sistemas tradicionais vão migrar. Assim como antes da internet tínhamos redes privadas de comunicação e que não se comunicavam entre elas, com a padronização da internet, e sua consolidação no TCP/IP, todos passaram a utilizar a mesma rede com toda segurança e privacidade que antes tinham nas redes particulares.
Com Blockchain vejo uma coisa similar, mas não exatamente igual. Hoje temos um mar de blockchains sendo desenvolvidos e não acredito que chegaremos a uma situação “the winner takes it all”, mas sim de algumas com ecossistemas de inovação bastante desenvolvidos e que terão uma interoperabilidade imensa entre elas.
Do ponto de vista do mundo como um todo, acredito que empresas, países e pessoas sejam hoje agnósticos em relação a rede e que as que tiverem a melhor solução (i.e. maior ecossistema) devem ter uma vantagem e podem se consolidar entre as grandes dessa nova fase.
Por fim, como usuário acho incrível essa disputa, que traz a reboque muita inovação; como investidor fico fascinado por estar podendo investir nessas iniciativas e com um frio na barriga (bom) de se estar ou não investindo em uma que estará entre essas maiores e, como habitante do planeta terra, fico feliz em poder entender esse momento e ter um protagonismo na sua criação.
E você? Onde você está nesse processo? Qual o seu ponto de vista? Comente abaixo.
Abraços,
Gustavo Cunha
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Outros links utilizados para esse texto:
➡️ Diversifying execution clients for Coinbase's ETH staking | Coinbase
➡️ Ethereum Proof of Stake: Explained | Ledger