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Como Blockchain pode resolver os problemas do setor de apostas

set 17, 2024

Depois de um crescimento enorme nos últimos anos, o setor de apostas (bets) no Brasil passa hoje por um momento bastante complicado, com várias investigações sobre lavagem de dinheiro, rifas com resultado pré-definido, entre outras coisas ruins acontecendo, mas isso não precisa ser assim.

Desde que comecei a estudar Blockchain, há quase 10 anos, uma das principais características levantadas sempre foi a de transparência. A rede da confiança. E por que não usar isso para esse setor que tanto carece de transparência?

Já deixo aqui claro que não vou entrar na questão de se bet é bom ou ruim, da confusão que o brasileiro faz entre beting e investimento, do vício do jogo e tudo mais. Tomo como dado que se isso já acontece desde os primórdios da humanidade que ele tem espaço na nossa civilização e o que trago aqui é uma forma de fazer isso que acredito ser muito mais transparente, fácil e justa para todos os envolvidos. Empresas, reguladores, apostadores. Sim todos.

Bem, vem comigo então.

Hoje quando fazemos apostas da megasena, por exemplo, a única segurança que o sistema não é burlado é a confiança que temos nos agentes envolvidos e no sistema de checagem disso, ambos totalmente fora do nosso controle. Sem fé de que ele está correto, não conseguimos afirmar nada. Com os outros inúmeros casos de apostas não é diferente. Como saber se as bolinhas que são sorteadas têm todas o mesmo peso? Como ter certeza de que todos os números estão lá? Nada disso conseguimos atestar sozinhos. Fé, meus amigos. É isso que temos que ter nesses casos. Mas não precisa ser assim.

Existem vários tipos de sorteio, e para simplificar, vou tratar aqui das loterias ou rifas: onde cada pessoa adquiri um (ou vários) números e depois há um sorteio para ver qual desses números é o ganhador.

Com Blockchain, pode-se emitir um ticket de loteria numerado, único e registrado para todos verem. O #123 pertence à carteira X, o #234 à carteira Y. Todos comprados através de uma plataforma, pagos com PIX, e emitidos de uma forma que todos conseguem atestar de forma independente que eles existem e são (ou não) seus. Isso resolve um primeiro item que é o de número de tickets para o sorteio. Todos podem ver cada ticket na sua individualidade e a quantidade total de tickets emitidos. Em termos de nomenclatura esse ticket é um nft (non-fungible token).

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Um segundo ponto que sempre causa ruido é o do sorteio. Aqui o ponto de segurança pode vir, por exemplo, da Verifiable Random Function (VRF) desenvolvido pela Chainlink. Essa função de código aberto gera um número aleatório sempre que a função é chamada e dá para determinar o range desse número ex-ante. Por exemplo, se forem vendidos 35.555 NFTs, pede-se que seja sorteado um número aleatório entre 01 e 35.555. Tudo isso onchain e verificável por qualquer pessoa que entenda um pouco sobre os explorers de crypto.

Isso tira um dos grandes problemas dos sorteios, e que está intimamente ligado à lavagem de dinheiro, que é o caso dos sorteios com ganhador já definido. Imagina um sorteio comprado por um só apostador que investe 100k e tem um ganho de 80k. pagou 20k para lavar 80k de dinheiro. Uma taxa que me parece barata, apesar de não ter muito base para dizer isso, ainda mais se for feita em volumes altos.

Ou seja, com os tickets (nfts onchain) e com o sorteio via VRF da Chainlink se resolveu o operacional do sorteio com toda a transparência necessária sem, ao mesmo tempo, identificar publicamente a pessoa que ganhou, já que essa seria a proprietária da chave publica (como se fosse uma carteira digital na blockchain), um número como 0xf68A53467926F2FD6972939e852A6B0a779a6432 (pego aleatoriamente aqui apesar para dar uma ideia visual o que estou falando).

Há uma grande discussão aqui sobre pseudo-anonimato dessas redes não-permissionárias, mas para o exemplo aqui vamos tomar que esse link identidade do proprietário da carteira e a carteira não são tão fáceis de se fazer.

Um outro lado da aposta tem a ver com o valor a ser sorteado. Como garantir que ele estará lá e que será pago para quem ganhar? No mercado tradicional isso fica por conta dos intermediários de confiança. Fé neles. Em Blockchain é possível criar um vault (tipo um cofre digital) exclusivo para isso, onde os tokens ficarão lá parados e só sairão após o sorteio, o que pode ser até programado. Só colocar a data do sorteio via VRF e linkar os números dos NFTs a ele e está feito. Sorteou o número, o contrato automaticamente envia os tokens do vault direto para a carteira do ganhador. Tudo transparente e registrado na Blockchain. Sem necessidade de nenhum terceiro de confiança.

E aqui com uma inovação que pode ser bem interessante. Esse vault pode ficar aberto para as pessoas colocarem dinheiro nele e terem um % da venda dos tickets. Todos podem em tese participar por aqui também. Fenomenal, não?

Um outro ponto é sobre quem vende os tickets. São eles os grandes promotores desse tipo de atividade. Via um código de acesso que eles divulgam daria para saber de onde vem o lead daquele comprador do ticket e por consequência qual o influencer, promotor, vendedor, seja lá o nome que queira usar, teria direito à comissão de vendas daquele produto. Isso poderia ser feito de algumas formas, tal como o registro no nft de algo relativo ao vendedor, assim ele conseguiria verificar independentemente quantos ele teria vendido e qual a comissão referente a isso.

Por fim e para fechar o ciclo vem toda a questão de KYC e políticas de lavagem de dinheiro. Quem está comprando os tickets? Quem está recebendo as comissões de vendas? As regras atuais vão pedir isso, mas isso já é um problema de mercado tradicional e ter de, de alguma forma, uma centralização nisso me parece ser o caminho mais direto, ainda mais em tempos em que o regulador brasileiro já deixou claro que necessita de um CNPJ ou representante para muitos casos.

Aqui descrevi de uma forma bem geral como vejo Blockchain sendo utilizado para dar uma organizada nesse setor. Vejo uma perspectiva enorme.

Todo esse raciocínio acima vem dar discussões que tenho no gotas, plataforma da qual sou sócio e advisor, e que lançou recentemente uma aplicação chamada LOTOFI, que faz muito do que descrevi acima e que vejo como um caso de uso com uma perspectiva enorme. Abaixo coloco alguns links para vocês entenderem melhor o modelo deles, fazerem suas apostas nesse primeiro teste e também enviar dar feedback. Notem que nos contratos já é possível saber qual o prêmio que está no vault, quantos nfts foram já emitidos, quais são os seus números para concorrer. Tudo lá na Blockchain e com total transparência.

Um outro fator curioso é que o Gotas resolveu lançar um modelo multichain já no início, onde o vault está na Blockchain da BASE e os nfts na Blockchain da Moonbean.

Loteria Eth - Lotofi - ganhe 1 eth (R$13.200*) - (gotas.social)

Regras Lotofi - Lotofi

Contrato do Vault: 0x2FA254919d56458C67aB299CAD27AB0D33e8a750

Contrato dos nfts: 0x3cdf6bdf87a2766d6ae3237c84d1bce369bd1cd2

Exemplo de um dos NFTs: Ticket numero 05

Bem, voltando ao título desse texto, que me desculpem, mas achei que a tradução para o português perderia um pouco do impacto e conceito, vejo uma perspectiva enorme para Blockchain trazer transparência para um setor que tem ganho um espaço enorme na economia. E diria que isso vale não só para os inovadores aqui, mas também para os incumbentes. Porque a CEF não adota isso e se livra de um monte de regras, controles e custos envolvidos em todo o controle das loterias federais?

Bem, paro por aqui. Agora é com vocês? Concordam comigo? O que acharam desse texto? Testaram o LOTOFI? Gostaram?

Abcs,

Gustavo Cunha

Fintrender

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