O tempo...
Hoje decidi que iria escrever sobre o tema “tempo” e qual não foi minha surpresa quando fui gravar o arquivo para começar e vi que já havia um texto meu com o nome (tempo.doc) de dezembro de 2018. Um texto que tinha escrito e que não havia publicado em lugar algum. Fui ler para analisar se o utilizaria ou o que alteraria e na verdade percebi que tirando alguns pontos circunstanciais, ele está super atualizado e a reflexão mega válida. Daí decidi replicá-lo integralmente abaixo. É velho, mas novo. É antigo, mas atual. Vamos a ele
Uma das maiores reflexões que tenho hoje se referem ao valor do tempo.
O mundo mudou muito nos últimos anos. Passamos de um mundo onde o nosso valor como trabalhador, ou parte vendável do nosso trabalho, foi de algo atrelado ao nossos skills físicos, para um mundo onde o mais importante são nossos skills mentais. E nesse sentido, o dilema que se coloca é que tudo se encontra na internet ou, pelo menos, quase tudo como veremos a seguir.
Vou relatar aqui dois casos que ilustram a facilidade de se achar conteúdo sobre os mais diversos temas. O primeiro é quando tive que abrir a porta de uma despensa de casa e não tinha a chave. Ao invés de chamar o chaveiro, fiz uma busca simples no youtube: “como abrir uma porta com grampos de cabelo”. Pois é! Lá aparecia uma infinidade de tutoriais de como se fazer isso, muitos dos quais que te ensinavam em a fazer isso em segundos. Vi os vídeos e resolvi tentar. Não é que funcionou! Demorei 20 minutos para conseguir, mas consegui.
O outro caso se refere a uma reflexão mais profunda sobre o que agrego aos clientes para os quais presto assessoria para investimentos. Todo o conhecimento que tenho e que compartilho com eles nas minhas análises, reuniões e relatórios está hoje disponível em tutoriais na internet de inúmeras fontes, inclusive em alguns vídeos e textos que eu mesmo publiquei. Qualquer dos meus clientes conseguiria, com o seu devido tempo, fazer uma análise muito boa sobre o perfil de investimentos mais adequado para ele ou ela. Óbvio que dependeria da base escolar que tiveram, em especial da matemática, mas nada que, em algumas semanas ou poucos meses, não seria possível qualquer um deles aprender.
Com esses dois exemplos fica claro que conteúdo não é mais um diferencial para nenhuma pessoa do ponto de vista de oferta de trabalho. Mas o que será então?
Minhas reflexões atuais levam tudo na direção do tempo e da capacidade cognitiva de seleção e interpretação dos dados. Explico.
O amplo acesso a informações e conteúdos causa uma situação similar à falta dele. Qual conteúdo é o correto? Qual me ajudará e qual me trará informações erradas? Essa seleção de qual conteúdo é importante é um fator crucial na formação da segunda parte, que tem a ver com a capacidade de interpretar essa informação (digeri-la propriamente falando). Isso certamente tem muito a ver com a forma de aprendizado e o conteúdo que já esteja embarcado em cada um de nós. Muito embora essa questão não seja muito a minha especialidade é um tema que me fascina.
Colocados os pontos acima, uma questão que se faz presente é novamente a questão do tempo. Apesar de todo o conteúdo estar disponível, não se consegue acessá-lo, selecioná-lo, interpretá-lo e aplicá-lo sem que isso tome tempo. E aí vem o ponto crucial. Tempo!
Todas as grandes empresas de tecnologia hoje têm como missão, de uma forma ou de outra, ter o cliente em primeiro lugar, e o que esse cliente mais quer? Arriscaria dizer que é tempo. Qualquer aplicativo, mídia, gadget etc. que nos “ganhe” tempo tem hoje um valor imenso para as pessoas.
Tempo para mim é o que todos temos a comprar e a vender! O “valor” nosso para o mercado de trabalho tem a ver com o tempo que pouparemos para o empregador na função que ele nos contrata, o “valor” do aplicativo de locomoção, com o tempo que ele nos economiza para ir de A a B, o “valor” de qualquer serviço hoje está no tempo.
No momento que chego a essas conclusões dois contraexemplos continuam a vir e para os quais nos consigo colocar o tempo como o fator principal.
Hoje a profissão com o maior déficit de profissionais é a de programadores. A lista de ofertas só cresce. E aí estamos falando de uma pessoa que detêm um determinado conteúdo e que está disposto a vende-lo. O conteúdo está disponível, mas talvez por conta de capacitações anteriores são poucos capazes de compreender e poder utilizá-lo. Talvez seja essa a razão, mas é curioso a maior demanda por profissionais hoje em dia ser por profissionais detentores de determinado conteúdo.
Outro ponto é que hoje vivemos muito mais do que nossos antepassados e, portanto, temos mais tempo! Apesar da primeira parte ser totalmente verdade, poucos concordariam que hoje temos mais tempo. Curioso ver que com muito mais tempo, nossa impressão é sempre de que temos menos tempo.
Pode-se dizer que ser detentor de determinado conhecimento no passado era segurança de se ter uma carreira ou, ao menos, uma certa segurança de sobrevivência, isso valeu desde os tempos em que tínhamos marceneiros, pedreiros e padeiros que iam passando suas profissões de pai para filho até muito pouco tempo atrás, quando economistas, médicos e administradores seguiam suas vidas de acordo com suas profissões por inúmeros anos. Hoje com a velocidade que a globalização e as tecnologias nos trouxeram, isso, se existir, existirá para uma pequena gama de pessoas e com tendência de queda.
Em um mundo cada vez mais rápido ter a consciência de que o que estamos a negociar, seja nas nossas empresas, nas nossas relações individuais de trabalho, nada mais é do que o nosso tempo é essencial para termos a consciência de qual é a moeda de troca. Podemos também ver isso por outro prisma, o de que todos temos o mesmo tempo, mas serão esses tempos iguais? Valem a mesma coisa?
Se você chegou até aqui é porque dedicou um pedaço do seu tempo a essa minha reflexão. Concorda ou discorda com os pontos acima? Gostaria muito de dedicar um pouco do meu tempo também para discutir sua interpretação.
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Adorei!
O tempo, democrático e irreprodutivel, nos iguala e também nos diferencia. Nossas escolhas sao cada vez mais mandatórias nessa diferenciação.
O tempo é o deus invisível, e a medida que percebemos que ele é nosso ativo mais precioso, daremos maior valoração ao nosso tempo.
By Paulo Negres