📢Um pulo no futuro. Como a rede do Real Digital e a tokenização de tudo afetará nossas vidas
Sua carteira Blockchain no centro do seu “eu-digital” 👀
Do alto de tudo que tenho visto, estudado e feito em DEFI e sobre CBDCs e o REAL DIGITAL, o que se segue é uma tentativa minha de responder à pergunta mais frequente em muitas interações que tenho com pessoas que estão menos imersas nisso, que é: por que se fala tanto disso? Ou visto de outra forma, o que mudará?
O jeito que consigo fazer isso é me transportar para o futuro e mostrar o que imagino ser o futuro pós implementação do Real Digital e como isso nos impactará. Tudo não passa hoje de especulação e pode não se concretizar, mas não tenho dúvidas de que o caminho de hoje nos leva para esse cenário. Então vem comigo nessa viagem.
Com a implementação de redes de Blockchain em vários países, com interoperabilidade entre elas e tudo, tudo mesmo, tokenizado e representado nessas redes poderíamos, por exemplo, ter em uma única carteira nossa, todas nossas informações e investimentos, como se fosse um acesso de uma Fintech que hoje já pode usar o open finance do Brasil, mas a nível mundial e, por tudo estar em blockchains, interoperáveis, feito de uma forma mais fácil e auditável.
Imagine uma carteira nossa na rede do Real Digital onde consigamos ter nossos saldos em moeda local (Real tokenizado), todos os investimentos que tivermos (CDB, tit público, ações etc.) e também os tokens de propriedade de ativos como o nosso carro, nossa casa, nossos relógios etc. Além disso, o sistema poderia ser expansivo para termos nessa mesma carteira outros tokens de utilidade, como nfts de cursos, poaps, arte ou qualquer outra coisa que você possa imaginar.
Nesse cenário a carteira vira o centro da nossa vida digital. Conseguindo provar que você é o dono dela, via processos usando Zero Knowledge (ZK), onde precisa prover poucas informações sensíveis, ou até nenhuma, você conseguiria ter acesso a empréstimos bancários, entrar na área vip do aeroporto, ter desconto no restaurante que sempre compra, e muito mais. Tudo de uma forma fácil, transparente, segura e sem renunciar à sua privacidade.
Essa carteira poderia também conter dados da sua vida particular: tickets de viagens e show, diploma da faculdade, certidão negativa de débitos etc.
Ela viraria o “eu digital”.
Essa rede e suas carteiras seriam responsáveis por toda liquidação e pagamentos, custodia, administração dos dados históricos, controle de acesso etc. Tudo feito por ela e muito possivelmente sem intermediários ou, menos intermediários do que temos hoje.
O acesso a essas carteiras seria feito via nossos celulares de maneira tão segura e fácil como acessamos nossas contas bancárias hoje. Eu conseguiria levar todos esses tokens comigo para onde eu quisesse. Na verdade, eles estariam comigo onde quer que eu os quisesse levar. Haveria também custodiantes de confiança (e regulados) que prestariam esse serviço para quem não se sentisse confortável com isso.
Para analisar o seu histórico de diabete ou de colesterol seria somente ver os tokens representativos dos exames históricos que você fez. Para saber se a pensão alimentícia foi paga é só acessar a carteira e ver se a transferência foi feita regularmente. Para saber os últimos proprietários de um imóvel é só ver por onde o token desse imóvel transitou na sua existência. Para saber quem foi no show do Imagine Dragons é só ver as carteiras que tem o nft do ticket do show. Para consultar seu programa de fidelidade do supermercado ou companhia aérea que mais usa, é só checar os nfts que tem nessa rede.
Já deu para perceber que essa rede, que se inicia com um princípio muito mais financeiro já se expandiu para muito mais do que isso, tal qual o open banking, que começou com os bancos e hoje, no Brasil, virou open finance e engloba seguradoras, cambio e outras atividades.
Ela vira a espinha dorsal de tudo o que fazemos.
Através de sua carteira nessa rede, que tem tudo tokenizado, você consegue trocar Reais por dólares em um piscar de olhos, usando uma plataforma descentralizada, e com esses dólares, comprar um título do tesouro americano, também tokenizado. E tudo isso automatizado de tal forma que você veria o preço do título público americano em reais (com todas as taxas incluídas) e com um clique o sistema executasse tudo o que é necessário para isso. Tudo via DvP (delivery versus payment) que é uma forma automatizada, sem fricção e risco de contraparte.
Para quem já tem alguma familiaridade com cripto, o que descrevi até aqui poderia ser ilustrado de uma outra forma.
Imagina uma grande Exchange centralizada que listasse todos esses tokens e onde tivéssemos sistemas de kyc e compliance aprovados por todos os países. Ela seria o mercado de cambio e financeiro mundial, ou melhor, mais do que isso, pois poderia ser o mercado de seguros mundial, arte digital, negociação de ingressos, e muito mais. Todos os tokens que não fossem privados seriam negociados nela. As grandes exceções que vejo são dados de exames de saúde individuais, que estariam na registrados na rede, mas que teriam sua privacidade garantida por algoritmos de criptografia (ZK novamente?).
Outro fator que estaria resolvido seria a interoperabilidade, pois através de uma estrutura centralizada, ela faria a ponte para todos os sistemas locais de blockchain, financeiro ou não.
Outra forma de vermos é olharmos para trás e vermos a evolução que blockchain passou desde o advento do Bitcoin. O que difere o que ilustrei acima do que é o ecossistema da Ethereum? Já pensou sob esse prisma?
Essa grande rede mundial de Blockchain que pode ter várias nuâncias e formas de vermos está hoje em completa ebulição e isso tudo só tende a se intensificar. Grandes são os desafios para chegarmos nesse futuro e a transição não será linear e igual em todos os lugares, mas isso é assunto para outro momento.
E você? Concorda com esse caminho? Ficou claro o que o que isso mudará na sua vida?
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*texto publicado originalmente na minha coluna da infomoney em 11-jul-2023
Talvez o acesso a essas carteiras poderia ser feito de qualquer dispositivo e de qualquer pessoa, desde que haja segurança (estou em qualquer lugar sem meu celular e preciso acessar minha carteira … acesso mais restrito, mas possível em algumas ocasiões, a definir pelo usuário). Essas blockchains poderiam possibilitar que as pessoas pudessem assumir riscos de terceiros em operações de empréstimos, etc vinculando e bloqueando seus ativos constantes de sua carteira.
No mais, parabéns por suas brilhantes colocações
Ab