🪖💰💵 Guerra, Inflação e Investimentos
Qual a melhor carteira de investimento para os próximos anos? O que deve ser considerado?
A essa altura já deve estar claro para todos que o mundo que enfrentaremos para frente no que tange a conflitos políticos e inflação será muito diferente do que o mundo que vivemos nos últimos 15 anos. Desde 2008 tivemos um mundo focado em no campo econômico em como reativar as economias e gerar inflação e no campo políticas e uma relativa paz mundial, com guerras limitas a economias menos impactantes do mundo como um todo. Bem, isso claramente mudou.
Hoje, no final de 2023, temos dois grandes conflitos em andamento, um que envolve uma das grandes economias do mundo, a Rússia e outro mais recente que envolve uma área do planeta que historicamente sempre foi de muito conflito, mas que experimentou vários anos de uma certa estabilidade.
Agregando a esse cenário temos um mundo com mais inflação de modo geral. Essa inflação é decorrência da grande emissão monetária dos últimos anos devido à crise de 2008 ou feita para lidar com a pandemia e também da menor globalização para frente, já que o cenário de guerras e conflitos descrito acima deixa o cenário internacional menos atrativo para diversificação de linhas de produção em vários lugares do mundo.
Esses dois fatores, guerra e inflação alta, não estiveram presentes no mercado e, para ser sincero, com exceção de algumas pessoas, nem nas discussões nas últimas décadas. E são mudanças importantíssimas para serem levadas em consideração nas decisões que tomaremos para os próximos anos em termos de investimento.
O primeiro gancho que gostaria de puxar é o gancho relativo à tecnologia. Como Blockchain e inteligência artificial (AI) entram nesse cenário e como isso pode afetar as empresas e nossos investimentos.
Esse cenário que se apresenta claramente é um cenário de maior aversão a risco. Isso deve deixar as pessoas com menos apetite a investir em coisas muito arriscadas. Uma das consequências desse cenário é um padrão mundial de juros mais altos, dado que todos os países tentarão controlar seus processos inflacionários. Isso por si só já freia o anseio por investimentos mais arriscados. E investimento em tecnologia para mim entra nessa caixinha. Quando investimos em uma startup, ou uma empresa direciona investimentos para pesquisa e desenvolvimento, o resultado disso é muito incerto. Dará certo? Conseguiremos desenvolver um produto que terá um Market fit bom? Ele escalará? São apenas algumas das perguntas.
Mas, por outro lado, temos uma onda que se formou nos últimos anos e que está vindo com muita força. Os ganhos de eficiência que pessoas e empresas conseguem ter com a utilização de AI são incríveis. Esse aumento de produtividade pode conter esse efeito inflacionário e reverter esse aspecto econômico desse cenário? Ou a desglobalizacao, conflitos e emissão monetária passada serão mais poderosos nesse processo? Há aqui uma questão importante de timming nisso também já que, como todos nós brasileiros sabemos, inflação tem um fator inercial importante, e no caso da economia brasileira ainda mais preocupante, pois os mecanismos de correção de inflação ainda se mostram presentes e podem, e são, acionados a cada aumento de inflação.
Em termos de investimentos, a tecnologia também tem um fator “the winner takes it all” o que acaba fazendo com que os vencedores sejam grandes vencedores e os menores fiquem pelo caminho. A criação nos últimos anos das “Big 5” (Microsoft, Amazon, Netflix, Google e Meta) mais do que demonstra isso. Empresas que há não muito tempo não existiam e hoje dominam a vida de qualquer pessoa ou empresa. Já pensou em ficar um dia sem interagir com ao menos uma delas? É impossível.
Isso me demonstra que tem espaço para uma alocação de investimentos nesse setor sem dúvida alguma. Mas em qual? Numa delas ou em alguma que vem correndo por fora?
No que tange à questão de conflitos e guerras, estou longe de ser especialista nisso, mas dado que os conflitos de Rússia/Ucrania já estão aí há mais de 1 ano e esse mais recente de Israel/Hamas toca discussões e brigas de décadas, para não dizer séculos, não vejo a questão se acalmando tão cedo. E tem sempre a espada na garganta da discussão de Taiwan. Entraremos em um período similar à guerra fria da década de 80? Esse cenário elevará de forma estrutural o preço do petróleo e por consequência a inflação no mundo todo?
Um comentário importante nesse cenário é o de que nos, humanos, dados nossos vieses, temos uma memória muito curta dos acontecimentos políticos e econômicos. Vale lembrar que os juros dos EUA durante a gestão de Paul Volker (1979-1987) alcançaram o patamar de 20%aa e uma taxa mínima de 6% nesse período. Estou dizendo que iremos para esse cenário? Logico que não o considero o cenário base hoje, mas uma coisa para mim é clara, a probabilidade de isso ocorrer está hoje bem maior do que há 2 ou 3 anos atras, e não deveria ser um cenário a ser descartado.
Dentro de uma estratégia de anti-fragilidade, remetendo aqui a conceitos como cisne negro (e nesse caso nem o consideraria assim, pois já ocorreu no passado) o que temos que fazer é ter investimentos que esteja de acordo com o que prevemos, mas que também não nos leve à ruína em caso de estarmos errados. E o que trago aqui é que nossos investimentos hoje têm que comportar cenários como o descrito acima.
Uma das formas de se obter isso é via diversificação. Diversificação de setores, países, tipos, ativos e por aí vai. Ter imóveis em lugares mais seguros, em economias mais estáveis, em moedas menos impactáveis, ter títulos de dívida (preferencialmente atrelados à inflação) de países com melhor capacidade e histórico de pagamentos, ter algum investimento em commodities (ouro, prata e porque não dizer Bitcoin), e também um pedaço em ações de empresas que se mostrem essencial para nossa vida (empresas de água, energia, e porque não dizer de tecnologia como as Big5) são apenas exemplos de como fazer isso.
E é importante também controlar fatores como liquidez para não ter que vender ativos em momentos ruins de curto prazo. Que acontecerão, e poderão até mudar as premissas para o cenário que descrevi acima. Estamos falando de um processo dinâmico e com inúmeras variáveis e é isso que torna o processo de investimentos, manutenção do poder de compra no longo prazo ou, se preferir, guardar dinheiro para o futuro, tão fascinante e não totalmente mapeável e “algoritimizavel”.
Bem espero que esse texto tenha sido capaz de te ajudar a ter as reflexões necessárias sobre esses assuntos. Mais do que vir com uma receita de bolo preparada, que certamente seria falha, já que esse processo tem que ser individualizado, meu objetivo aqui é colocar o cenário que estou vendo, a forma como penso e trazer as discussões e debates internos, e com pessoas, sobre como devemos atuar para melhor investir.
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Você pontuou bem, Gustavo. O cenário está se desenhando como instável em várias frentes.
Além das guerras em Ucrânia e Israel/Palestina, poderemos ter crises militares em Taiwan e península coreana nesta década.
Sim, apostaria em preservar uma maior liquidez frente a outros investimentos.