⚠️ Por que o Ethereum Não Sobe – e Pode Nunca Mais Subir?
Captura de valor em cripto migrando das Blockchains para Aplicações
Entramos em 2025 com o Bitcoin mantendo uma performance significativamente superior à da Ethereum, a segunda maior cripto em valor de mercado, que tem ficado consistentemente para trás em termos de valorização. No momento em que escrevo, o Bitcoin está cotado a US$ 82.900, acumulando uma queda de 12% no ano, enquanto o Ether (token da rede Ethereum) despenca 42% no mesmo período, sendo negociado a US$ 1.917.
Pode-se olhar isso e pensar que foi porque o ether subiu muito mais em 2024 que o bitcoin, mas isso não foi o caso. Em 2024, o Bitcoin subiu impressionantes 120%, enquanto o Ether avançou apenas 46% – menos da metade.
O mercado americano tem uma expressão curiosa para ativos que prometem muito, mas acabam decepcionando: "Lame Duck" (ou "pato manco", em tradução livre). Nos últimos tempos, o Ethereum indiscutivelmente desempenhou esse papel no universo cripto. Mas será que continuará assim? O que explica essa performance fraca e por que entender isso é essencial para os próximos anos? Vamos aos pontos.
Staking: O Atrativo do Ether
Uma das grandes apostas para o Ethereum – e confesso que sou um dos que acreditam nisso – é a possibilidade de staking. Diferente do Bitcoin, o Ether pode render passivamente enquanto está em staking, o que teoricamente deveria torná-lo mais atrativo. Durante anos, muitos especulavam que essa característica poderia levar o Ether a ser classificado como um ativo mobiliário para fins regulatórios, o que deixava investidores apreensivos dado possíveis complicações por conta de vácuo regulatório, mas essa incerteza foi praticamente descartada ao longo do último ano.
Com os EUA adotando uma postura mais favorável ao setor cripto, não acredito que essa discussão vá ressurgir. O staking continua sendo um diferencial do Ethereum, mas será ele o diferencial que impulsionará sua valorização frente ao Bitcoin e outras cripto?
Adoção da Rede Ethereum e a Concorrência
Apesar do crescimento no número de usuários e do avanço das L2s (Layer 2), a verdade é que o hype de 2024 veio de outros lugares. Memecoins na Solana e os Runes na rede Bitcoin capturaram a atenção dos investidores de maior apetite a risco.
Desde o boom dos NFTs, a Ethereum não lidera mais as grandes inovações ou atrai o público mais "degen". Redes como Solana e Sui parecem ser o novo playground dos especuladores e inovadores, enquanto a Base corre por fora. A Solana, por exemplo, ganhou enorme tração até a recente implosão do mercado de memecoins (será o fim da Solana? Ou vai dar uma de fenix como o fez após 2022?), já a Sui se mostra promissora e pronta para ser a próxima a chamar atenção.
Enquanto isso, a Ethereum segue em seu ritmo "devagar e sempre".
Atualizações na Rede Ethereum: Será o Suficiente?
Em março de 2025, está programado um importante upgrade para a rede Ethereum, trazendo melhorias em account abstraction, validação de staking, entre outros avanços. Essas mudanças devem tornar a rede mais acessível, o que é positivo, mas sem o apelo "fancy" das inovações que capturam o imaginário dos investidores.
Nos últimos anos a Ethereum passou por upgrades enormes (mudança do mecanismo de consenso para proof of stake – prova de participação– sendo a maior delas) que deixaram a rede mais ágil, fácil, barata e com possibilidades de UX muito melhor. Todas essas atualizações foram feitas de maneira muito suave e sem grandes incidentes. Isso certamente é positivo e demonstra não só um potencial de adaptação e entrega enorme, mas uma robustez enorme da rede.
Será essa maturidade o que pode trazer o Ethereum de volta ao protagonismo?
O Fator Disruptivo Está se Perdendo?
Explorando Solana e Sui nos últimos seis meses, ficou claro para mim que as inovações mais empolgantes e os testes de novos modelos de negócios estão acontecendo lá – e não na Ethereum.
Uma das grandes vantagens do mundo cripto sempre foi a facilidade de testar novos modelos via emissão de tokens, que recompensam os early adopters. Inicialmente, esses tokens podem não valer nada, mas, se o modelo de negócios decolar, todos ganham. Um ambiente super inovador, aberto e que carrega consigo também muitas armadilhas. Haja visto, o que aconteceu com a memecoin do Milei.
Hoje, esses testadores iniciais, ou degens se preferir, estão em outras redes, deixando a Ethereum em uma posição mais madura, institucionalizada e voltada para o mercado financeiro tradicional, mercado esse que deve acelerar sua integração com cripto e blockchain para frente.
Mas será essa aceleração suficiente? uma rede não-permissionária pode se dar ao luxo de perder seu fator disruptivo?
Revisando a Teoria do "Fat Protocol"
Até aqui, o problema parecia ser apenas a falta de inovação dentro da Ethereum. Mas foi então que resolvi revisitar uma teoria que conheci em 2017 e que venho seguindo como um mantra desde então:
📌 A ideia de que, na Web3, quem captura mais valor são as plataformas, e não as aplicações.
Isso sempre me fez acreditar que o Ethereum seguiria valorizando, mas, analisando o cenário atual, minha surpresa foi enorme.
Em um mundo onde a interoperabilidade entre blockchains está cada vez mais presente, será que essa teoria ainda se confirma?
Depois de pensar bastante sobre o tema, acredito que não.
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No início do ciclo cripto, tínhamos poucas blockchains, e as aplicações não tinham muitas escolhas. Mas hoje, temos diversas redes, e a Solana provou isso: em 2022, estava praticamente sem uso, e no final de 2024 e início de 2025, tornou-se a rede com mais transações registradas, e olha que a interoperabilidade com ela não é das mais fáceis por ela não ser EVM.
Isso reforça a ideia de que blockchains estão se tornando commodities. Desenvolver uma blockchain não é mais um desafio tão grande, e nesse contexto, talvez as aplicações seja onde vai ficar a maior parte da captura de valor – assim como acontece na Web2.
Vou pegar a Uniswap como exemplo:
✅ Seu código é aberto, e clonar a tecnologia é ridiculamente fácil.
✅ Começou na Ethereum, mas hoje está em 12 redes.
✅ Gera uma receita gigantesca com fees de transação, e há discussões recorrentes sobre distribuir parte disso aos detentores do token UNI (embora a questão regulatória sempre apareça).
✅ Movimenta bilhões de dólares e pode ser integrada a qualquer negociação de qualquer token contra qualquer token.
Agora, imagine quando tivermos a infraestrutura mundial de finanças tradicionais (TradFi) operando em blockchain. A Uniswap poderia se tornar a maior bolsa de valores, corretora de imóveis, de energia, de carros – e de tudo mais que puder ser tokenizado.
Nesse cenário, não parece que as plataformas vão capturar mais valor do que ela. Esse é só um exemplo, mas que se aplica a praticamente todas as aplicações já consolidadas em cripto e que se beneficiarão dessa maior integração cripto-tradfin.
O Usuário Não Se Importa Com a Blockchain
Minha experiência com emissão de NFTs pelo Gotas reforça bem esse ponto.
Comecei emitindo na Polygon, depois migrei para a Moonbeam, e, para o usuário, isso não fez a menor diferença. Desde que a plataforma abstraia essa complexidade – e o Gotas faz isso muito bem –, a experiência continua a mesma.
A realidade é que a maioria dos usuários não se preocupa com a blockchain por trás do processo. Só uma pequena parcela, mais familiarizada com os aspectos técnicos, presta atenção nesses detalhes – mas sejamos honestos, esse grupo representa uma fração minúscula da população.
Para o usuário médio, não importa se um token está na Ethereum, Solana, Ripple, Cardano ou Moonbeam. Aliás, nem se está em uma L1 ou L2. O que ele quer é simples: que o registro funcione de forma confiável e sem fricção.
E o Papel de segurança desempenhado pelas L1s?
O crescimento das redes L2 pode, de fato, gerar mais taxas para as L1s, fortalecendo sua captura de valor. Nesse cenário, Ethereum e o token Ether ainda ocupam uma posição central, atuando como o principal elo de segurança da rede.
Essa dinâmica deve continuar relevante nos próximos anos, mas até esse arranjo pode se mostrar frágil.
Imagine um futuro em que a interoperabilidade entre blockchains seja total e a segurança possa ser facilmente dividida ou até migrada entre diferentes L1s. Nesse contexto, qual rede você escolheria como agente de segurança? Ethereum? Bitcoin? Ou uma blockchain centralizada criada por um governo?
A resposta está longe de ser óbvia. Essa escolha dependerá muito do nível de conhecimento e confiança de cada pessoa nos softwares e governos.
O que parece certo é que a comoditização das blockchains já está em andamento – tema que explorei no artigo "Uma Blockchain para Chamar de Minha". No fim das contas, o usuário final quer apenas um sistema que funcione, pouco se importando com qual rede está por trás.
Conclusão: O Ether Ainda Vale a Pena?
O que escrevi aqui reflete minha visão sobre por que o Ether tem sofrido nos últimos anos – e pode continuar sofrendo e, sinceramente, no final a conclusão é bem mais ampla que somente para a rede ethereum, já que vai na direção de que a grande captação de valor, que já está em curso e tende a se intensificar, será feita pelas aplicações – e não mais pelas blockchains
O lado positivo disso tudo é que podemos estar no início de uma hipervalorização das aplicações e de seus tokens dentro das redes blockchain.
Os drivers vem de vários lugares, inúmeras blockchains e maior interoperabilidade entre elas, maior integração com os sistemas do mercado tradicional, criação de regras/leis mais claras, etc. Tudo no sentido de aumentar a competição entre as redes e colocar o domínio do cliente como o principal fator para captação de valor.
Aliado a isso, acredito que estamos entrando na fase exponencial da integração entre TradFi e cripto, e a captura de valor dessa fase deve ser feita por quem embarcar mais usuários nesse processo. Vejo as aplicações em uma posição muito mais favorável que os protocolos (blockchains) para isso. O momento agora é de escolher os cavalos certos para essa corrida e aproveitar.
Por fim, deixo algumas perguntas para discutirmos juntos:
❓ Concorda ou vê outras razões para o Ethereum estar sofrendo tanto?
❓ Considerando que a teoria do ‘Fat Protocol' não se sustente, o que isso significa para as L1s no longo prazo? Elas ainda serão o centro do ecossistema ou passarão a ser apenas infraestrutura de suporte para as aplicações?
❓ Quais tokens e setores dentro de cripto podem se beneficiar mais dessa nova fase?
Abraços,
Gustavo Cunha
PS: Agradeço ao Robson Pereira e ao Gustavo Lontra pelas discussões que ajudaram a enriquecer esse raciocínio. Trocas muito valiosas. Dito isso, qualquer erro, interpretação equivocada ou conclusão imprecisa é de minha total responsabilidade.
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Links utilizados para esse artigo:
Tabela com as rentabilidades do Ether em vários períodos | CryptoRank.io
Tabela com as rentabilidades do Btc nos últimos anos | StatMuse Money
Sobre o upgrade Pectra que é esperado para março 2025 na Ethereum
Porque staking pode ser a fagulha para uma enorme alta da Eterheum
Artigo de 2016 que introduziu a Teoria dos “Fat Protocols”
Artigo sobre a quebra de paradigma e o surgimento da teoria dos "Fat App”