🌍 A Nova Infraestrutura do Mundo: O Século da Tokenização
Blockchain como base de um novo sistema operacional global: programável, auditável e interoperável
Imagine se, ao nascer, cada pessoa tivesse sua identidade registrada em um sistema global, inviolável, transparente e acessível. Imagine se cada propriedade, cada máquina, cada litro de leite produzido no campo ou transação entre sensores tivesse uma assinatura digital única e imutável. Agora pare de imaginar. Isso já está acontecendo — silenciosamente, mas de forma irreversível — pelas mãos de uma tecnologia que muitos ainda associam exclusivamente a “moedinhas digitais”: a Blockchain.
Mas o que está sendo construído aqui é muito maior do que tokens financeiros. O que está emergindo é uma nova infraestrutura digital global, mais próxima de um sistema operacional planetário do que de um protocolo monetário. E seu alcance vai muito além do universo cripto. Estamos falando de uma camada de coordenação para o século XXI: programável, interoperável, transparente e integrada à inteligência artificial, à Internet das Coisas (IoT) e ao mundo físico.
DLT e Blockchain como Infraestrutura: Da Internet da Informação à Internet do Valor
Até aqui, a internet foi extraordinária para mover informações. Mas não foi pensada para mover valor. Para transferir dinheiro, propriedade ou confiança entre partes, precisamos de intermediários: bancos, cartórios, redes privadas e estruturas burocráticas. No campo financeiro os cartões (Visa e Mastercard) dominam isso para pagamentos, os bancos para transferências internacionais e por aí vai.
É exatamente essa lacuna que o blockchain e as DLTs (Distributed Ledger Technologies) estão preenchendo. Eles permitem o que antes era impossível: mover valor com a mesma facilidade com que movemos e-mails. Mas vão além disso. Eles criam uma nova linguagem para a confiança.
Um contrato inteligente não depende de cartório. Uma identidade digital não depende do Estado. Uma máquina pode negociar recursos com outra — sem intermediários humanos. Tudo isso de forma automática, auditável e segura.
Essa é a transição da Web2 — centralizada, orientada por plataformas — para a Web3, que introduz a camada de propriedade e valor nativa da internet. Se a Web1 foi a internet da leitura e a Web2 a da interação, a Web3 é a internet da posse, da identidade soberana e da programabilidade de tudo.
Tokenização Não é Sobre Tokens, Mas Sobre Representação Digital do Mundo
Lembrei agora de uma artigo que escrevi em 2023 exatamente com esse titulo (Tokenização não é digitalização), onde afirmo:
“A digitalização refere-se ao processo de converter informações analógicas em formato digital.”
“A tokenização é o processo de converter direitos de um ativo em um token digital que pode ser movido, registrado ou armazenado em um sistema de blockchain.
(btw, nem sei se precisava de “” aqui, já que sou eu citando eu mesmo 😅🥳)
Bem, nos últimos anos, o termo "token" foi cooptado por narrativas que muitas vezes o reduzem e confundem todo mundo. Muitos associam a ideia à especulação cripto, memecoins ou a bolhas digitais. Mas, o token pode e será muito mais do que isso. Por exemplo, tokenizar um ativo é, na essência, transformar algo físico ou intangível em uma representação digital com valor, regras e identidade próprias em uma rede de Blockchain.
É possível tokenizar um apartamento, um grão de soja, uma ação de empresa, um ponto de fidelidade, uma licença ambiental. A tokenização é o elo entre o mundo físico e o de blockchain.
E ao fazer isso, inauguramos um novo paradigma: tudo passa a ser programável. Uma casa pode ter cláusulas de transferência automática. Um carro autônomo pode pagar por recarga em tempo real. Um contrato de financiamento rural pode liberar parcelas de acordo com sensores de clima e produtividade no campo.
Essa é a revolução silenciosa: não estamos apenas criando novos ativos, mas redesenhando como o mundo funciona.
E essa não é apenas uma visão dos entusiastas cripto, como eu. Na sua carta aos investidores de 2025, Larry Fink, CEO da BlackRock, a maior gestora de ativos do planeta, cravou em sua carta anual:
“Every stock, every bond, every fund—every asset—can be tokenized. If they are, it will revolutionize investing.” (Toda ação, todo título, todo fundo — todo ativo — pode ser tokenizado. E, se forem, isso vai revolucionar o modo como investimos.)
“One day, I expect tokenized funds will become as familiar to investors as ETFs” (Acredito que, em breve, os fundos tokenizados serão tão familiares aos investidores quanto os ETFs.)
Quando a maior gestora do mundo afirma isso publicamente, não estamos mais no terreno das hipóteses. Estamos em plena construção da nova infraestrutura do valor.
AI + IoT + Blockchain: A Trindade da Nova Ordem Digital
Imagine uma cadeia de suprimentos em que sensores (IoT) monitoram a umidade de grãos estocados, sistemas de IA analisam esses dados para prever perdas, e contratos inteligentes disparam automaticamente pedidos de transporte ou seguros com base nessas informações. Nenhum humano envolvido. Nenhuma planilha. Nenhuma reunião.
A convergência de blockchain, inteligência artificial e IoT está criando sistemas autônomos, dinâmicos e confiáveis, capazes de operar com mínima intervenção humana. Um ecossistema onde máquinas podem transacionar com máquinas, dados são validados por consenso distribuído, e decisões emergem de forma descentralizada, auditável e em tempo real.
Essa é a base de uma infraestrutura planetária viva, onde algoritmos, sensores e ativos digitais compartilham uma mesma gramática: o código imutável das DLTs.
Infraestrutura Pública, Confiança Privada
Muitos ainda pensam o blockchain como um recurso experimental ou marginal. Mas países, grandes empresas e instituições multilaterais estão avançando com a ideia de redes blockchain como infraestrutura pública digital — algo tão fundamental quanto rodovias, energia ou telecomunicações.
Cartórios, registros públicos, sistemas de saúde, redes de identidade e propriedade estão sendo lentamente redesenhados para operar sobre ledgers distribuídos. A Índia já avançou nesse sentido. A Europa está criando camadas de identidade e pagamento interoperáveis. O Brasil está testando o DREX. A África está pulando etapas e construindo diretamente sobre blockchains públicos.
O ponto crucial é: não se trata de “cripto”, mas de infraestrutura. Estamos falando da nova camada de base para o mundo digital, onde confiança é construída por software, e não por instituições.
Ainda pairam muitas dúvidas sobre como será a governança dessa nova infraestrutura. Será mundial? Realmente descentralizada? Associada a Estados ou blocos regionais? Ainda há muitas definições em aberto — e é natural que seja assim, estamos no meio do processo. Mas uma coisa parece certa: não haverá uma única blockchain dominante, como aconteceu com a internet atual.
O que está se desenhando é um ecossistema composto por múltiplas redes, públicas e privadas, operando de forma paralela e interconectada. A interoperabilidade entre essas redes será o verdadeiro cimento dessa nova infraestrutura global. A disputa não será por hegemonia de uma rede, mas pela criação de padrões, interfaces e linguagens que conversem entre si com segurança, fluidez e confiança algorítmica.
O simples fato de tantos países, empresas e instituições estarem testando e construindo suas próprias blockchains — cada uma com suas regras, camadas e propósitos — reforça essa direção. O futuro será multi-chain por natureza, e a governança será o grande desafio da próxima década.
Tudo Começa com o Dinheiro — E o Dinheiro Já Está Mudando
Não por acaso, o primeiro ativo a ser tokenizado foi o próprio dinheiro.
Em 2024, stablecoins movimentaram mais de US$ 25 trilhões — ultrapassando, pela primeira vez, o volume combinado das redes Visa e Mastercard. E você ainda acha que isso é experimento!?
Elas são o primeiro caso de uso massivo e funcional de blockchain: dinheiro programável, rápido, barato, auditável e sem fronteiras.
Mas isso é só o começo. Os Bancos Centrais do mundo estão se movendo, desenvolvendo suas próprias moedas digitais — as CBDCs (Central Bank Digital Currencies) — com o objetivo de reconstruir o dinheiro sobre infraestrutura programável. E aqui não so criando o token, mas desenvolvendo suas próprias infraestruturas para isso.
Essa é, inclusive, a espinha dorsal do meu livro “A Tokenização do Dinheiro”, onde exploro como stablecoins e CBDCs estão reconfigurando o sistema financeiro global e abrindo espaço para uma nova era de eficiência, rastreabilidade e interoperabilidade monetária.
Conclusão: De Protocolo Financeiro a Infra mundial essencial para tudo
Blockchain começou como uma alternativa ao sistema financeiro tradicional. Mas está se tornando a base de um novo sistema operacional global — uma camada de coordenação e confiança entre pessoas, máquinas e instituições.
Não se trata mais de “criptoativos” ou “tokens”. Trata-se de infraestrutura para a sociedade digital — ou melhor, para a sociedade da tokenização.
Como disse Larry Fink, CEO da BlackRock:
“Todo ativo pode ser tokenizado.”
E eu completaria: será.
Mas o mais importante é o que decorre disso: tudo será programável, interoperável e auditável. E isso muda tudo.
A nova infraestrutura do mundo está sendo montada agora, na nossa frente.
Só não vê quem não quer.
Só não participa quem não quer.
Só não aproveita para influenciar — ou se adaptar a esse novo mundo — quem não quer.
E a pergunta que fica é simples, mas inevitável:
O que você está esperando?
Abraços,
Gustavo Cunha
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Excelente! Gustavo, adoro acompanhar sua newletter! Ótimo trabalho! Obrigada pelas informações.