💲Por que todos usaremos stablecoins em breve

Stablecoins são uma parte importante da nova infraestrutura de mercado financeiro que está se formando

Jun 08, 2023

Stablecoins são um conceito que já foi amplamente testado em cripto nos últimos anos. Independentemente do tipo, colateralizadas ou algorítmicas, o que se quer obter com elas é uma representação de algo em forma de um token que possa ser negociado em uma rede blockchain ou DLT.

Stablecoins? DLT? Blockchain? Colateralizado? Algorítmico? Este texto já começa com palavras que mais confundem do que ajudam o nosso entendimento. Então, hora de dar um passo para trás.

Uma tendência que está vindo forte é a atualização dos sistemas e infraestruturas de mercado financeiro mundial para soluções que utilizem blockchain ou tecnologia de contabilidade distribuída (DLT, na sigla em inglês). Em outras palavras, as redes que usamos hoje para os bancos fazerem TED ou Pix terão que interagir com outra rede que terá uma tecnologia que permitirá tokenizar tudo. Esse é um dos objetivos do piloto do Real Digital, por exemplo.

Uma das vantagens de ter o Real, ou qualquer outra moeda fiduciária, representado nesse sistema é a possibilidade de ter “operações atômicas”. Esse conceito, conhecido como delivery versus payment (DvP), refere-se a transações em que a entrega de um ativo e o respectivo pagamento acontecem simultaneamente. Para dar um exemplo, se tivermos o Real tokenizado (stablecoin) e um token representativo do nosso carro, vamos poder vendê-lo de tal forma que o pagamento e a transferência do veículo aconteçam conjuntamente e um só ocorre se o outro também ocorrer.

Esse é um caso de uso que já considero “clássico” e em que é fácil ver a eficiência e as dores dos usuários que ele resolve. Mas é um caso simples e, como costumo dizer, a grande inovação ou disrupção deve vir não daí, mas de um caso que um adolescente de 14 anos vai criar e que eu não tenho a mínima ideia de qual será mas, ao vê-lo, vou achar a coisa mais simples e lógica do mundo. Eu e você poderemos ser as pessoas que verão isso de fora ou o adolescente desse exemplo hipotético.

A grande inovação que a blockchain, ou a Web3 de forma mais ampla, trouxe para o mundo é a possibilidade de ter um dinheiro nativo de suas redes via o que chamamos de “tokens”. Fazendo uma comparação com a internet, todo tipo de pagamento hoje é feito fora dela: arranjos de pagamento, cartões de crédito, Pix etc. No caso de uma infraestrutura que utiliza blockchain, o token faz o papel do dinheiro nessa rede. E “stablecoin” é o nome que usamos para esse tipo de token representativo de um ativo, no caso o dinheiro.

O ponto onde quero chegar aqui é que em uma rede de blockchain temos o dinheiro nativo representado por tokens. Nesse caso, eles são representativos de moedas fiduciárias (stablecoins).

Outro ângulo de análise tem a ver com a usabilidade e tecnicidade. Muito do que escrevo acaba indo para discussões mais técnicas de como, por que e onde implementar essa ou outra tecnologia. Essas são discussões importantes para termos em grupos, com pessoas que estão construindo esses pilares, mas, para a imensa maioria da população, são discussões pouco atraentes e, às vezes, desnecessárias.

É a questão da árvore e da floresta. Sem sabermos o que é uma árvore, não conseguimos definir o que é uma floresta. Isso quer dizer que temos que conhecer todas as espécies de árvores do mundo? Não. Mas temos que conseguir definir e visualizar o que é uma árvore e é isso que sempre tento fazer. Este texto teve por objetivo explicar a stablecoin como "árvore" e por que todos usaremos esses tokens.

Sob o ponto de vista de usabilidade, o melhor exemplo vem da própria internet. A maioria das pessoas, eu inclusive, não sabe como funcionam os protocolos TCP-IP que dão base à rede. Mas a utilizamos e nos conectamos ao primeiro Wi-Fi disponível para poder navegar. Com stablecoins e redes de blockchain/DLT, acontecerá o mesmo. Usaremos tudo isso sem nem saber ou perceber. Vamos nos conectar a uma rede onde as stablecoins estarão e faremos nossas transferências, investimentos, pagamentos etc. sem nos preocupar com qual tecnologia ou infraestrutura utilizaremos.

Esse futuro me parece estar logo ali, mas ainda tem que ser construído e, por isso, as discussões mais técnicas sobre como fazer essa rede e como definir fatores como privacidade e componibilidade são importantes.

No fim das contas, todos usaremos stablecoins da mesma forma que usamos o dinheiro digital hoje, muito provavelmente com a mesma facilidade e dinâmica, mas, até chegar lá, temos um caminho. Quem já tem uma certa idade se lembra das discussões, medos e receios de fazer a primeira compra online no início da internet. Coloco meus dados do cartão? E se eu pagar e não entregarem? Essas são só algumas das perguntas que fazíamos na época e que hoje estão endereçadas. Estamos nesse início da jornada com as stablecoins e tudo indica que a trajetória não será diferente.

Olhando a floresta de mais alto ainda, o tema do momento é tokenização de ativos. Quando falamos do assunto, a moeda tokenizada, ou stablecoin, se coloca como um ativo fundamental, como a água em um rio de ativos tokenizados. Sem ela, o rio seca e impossibilita que muitas das vantagens da tokenização de ativos apareçam. É dela, stablecoin ou moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês), que emana uma enxurrada de inovação que as redes de blockchain trarão para o mercado financeiro nos próximos anos.

Fintrender

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