💰 STOs: o IPO do século XXI?
A revolução silenciosa da tokenização que pode destravar capital para startups antes mesmo do primeiro pitch com um fundo de venture capital
* Artigo publicado originalmente na minha coluna do Valor Investe em 22 de maio de 2025
Durante muito tempo, o IPO foi visto como o ápice do sonho empreendedor: o momento em que uma startup finalmente conseguia se tornar pública, emitir ações em bolsa e coroar a trajetória de risco de seus fundadores, early investors e fundos de Venture capital. Um rito de passagem financeiro que separava as empresas promissoras daquelas que realmente chegaram lá.
Mas é preciso ser realista — esse é um privilégio reservado a pouquíssimas empresas. Alguém já viu uma startup com valuation abaixo dos 10 milhões de dólares fazer um IPO? Claro que não. O processo é longo, custoso, burocrático e reservado a quem já nadou muito no oceano do capital privado.
O IPO, no fundo, é o vestibular de Harvard do mercado financeiro. Não basta ser bom, Tem que vir cercado de cartas de recomendação e muito capital.
Enquanto isso, silenciosamente — e como sempre à margem dos holofotes da velha guarda — blockchain e o universo cripto avançam com soluções mais democráticas, mais eficientes e, talvez o mais importante, mais adaptadas ao mundo digital.
Os STOs (Security Token Offerings) surgem como a alternativa natural ao modelo tradicional. Regulados, sim, mas com custos e barreiras de entrada muito menores. E o mais importante: com infraestrutura tecnológica que permite tokenizar praticamente qualquer ativo.
A história dos STOs, no entanto, não começa aqui. Ela tem raízes no caos criativo dos ICOs (Initial Coin Offerings), uma fase marcada por euforia, inovação e, inevitavelmente, muitos excessos. Empreendedores de todos os cantos passaram a emitir tokens que, muitas vezes, não sabiam se eram utilitários, moedas ou valores mobiliários disfarçados.
A narrativa era a da descentralização total, mas a realidade era de um faroeste regulatório. Não demorou para que os reguladores batessem à porta. Muitos tokens tentaram se esconder sob o guarda-chuva dos utility tokens — com a desculpa de que representavam acesso a algum tipo de serviço, como programas de milhagem digital.
Mas a CVM, SEC e outras entidades reguladoras perceberam que, em muitos casos, o que se vendia era expectativa de lucro. E lucro baseado no esforço de terceiros… bem, isso tem nome: valor mobiliário.
Foi então que parte do mercado entendeu o recado e passou a dialogar com os reguladores. Começaram a surgir emissões tokenizadas de ativos tradicionais — títulos públicos, por exemplo — que foram envelopados em tokens e lançados em redes de blockchain. Esses são os famosos RWAs (real world assets), que hoje representam uma ponte entre o velho e o novo.
Mas o apetite pela inovação é insaciável, e não demorou para que os NFTs entrassem em cena. A princípio como obras de arte digitais — como os já folclóricos Bored Apes — mas depois como representações de imóveis, contratos, direitos autorais, enfim, qualquer coisa que pudesse ser singular e não fungível.
Hype ou não, é inegável que os NFTs abriram novas possibilidades para a tokenização da economia real.
E se achávamos que tínhamos visto de tudo, veio a febre das memecoins. Tokens criados, em teoria, sem utilidade nem valor intrínseco, mas que viralizavam ao redor de figuras públicas ou memes da internet.
Muitos não são valores mobiliários — até porque ninguém promete retorno algum — mas basta que alguém diga que "X% do lucro será distribuído aos holders" para que a linha regulatória comece a ser cruzada.
O mercado precisa, portanto, de clareza. Para que os STOs realmente ganhem tração, é fundamental termos regulamentações consistentes, redes blockchain seguras e robustas onde os tokens possam ser emitidos, negociados, e, claro, um ecossistema de compradores e vendedores disposto a operar com essa nova classe de ativos.
A boa notícia é que isso já está acontecendo. A regulamentação avança em várias jurisdições. As blockchains, sejam permissionadas ou públicas, crescem exponencialmente, impulsionadas principalmente pela adoção das stablecoins, o token do dinheiro, que é essencial nesse processo.
E os players — pessoas e empresas — já estão no jogo, ainda que, muitas vezes, sem grande visibilidade.
Falta o quê? Talvez um grande gesto simbólico. Um evento catalisador. Quem sabe um presidente de uma potência global tokenizando algo relevante?
Espera… Trump já fez isso. Lançou seu próprio token e ainda ofereceu jantar para os 220 maiores holders. A linha entre o cômico e o disruptivo, como sempre, é tênue.
No fim das contas, se os IPOs foram por décadas o “santo graal” para as startups, os STOs despontam como uma alternativa mais ágil, mais inclusiva e mais alinhada com a lógica digital do nosso tempo.
Abraços.
Gustavo Cunha
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Para ir alem nesse tema:
Livro: A tokenização do Dinheiro
Livro: The STO Financial Revolution: How Security Tokens Change Businesses Forever
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