🌍 Tarifas e a Nova Ordem Mundial
Inflação, Dívidas e a Fragmentação Econômica: Estamos Prontos?
Essa é a terceira vez que tento escrever esse texto. Vamos ver se agora vai.
Bem, minha percepção sobre o que está acontecendo no momento não é muito diferente da de todos nós. Uma confusão sem fim. Desde que o Trump reassumiu o papel de presidente dos USA (e do mundo?), parece que tudo virou de cabeça pra baixo. E aqui vejo dois grupos se debatendo no campo econômico: os que acham que estamos assistindo a uma insanidade — e os que veem isso como o início de uma nova era. Enquanto isso, os mercados seguem nessa gangorra, sem saber para onde ir, reagindo ao vai e vem desse processo.
O que eu penso talvez fique no meio do caminho… ou talvez não. Vamos ver onde isso nos leva.
Inflação estrutural ou ponto fora da curva?
Teremos inflação mais alta nos próximos anos? Me parece que sim. Tarifas pressupõem isso, mas vejo esse movimento como parte de uma tendência que já vinha desde o pós-Covid, quando as cadeias de produção começaram a ser menos globais. Nesse sentido, o que Trump está fazendo parece mais uma constatação — e uma aceleração — do que uma criação do zero.
A grande dúvida aqui é o quanto a inteligência artificial pode amenizar ou até mesmo dissipar esse aumento inflacionário via ganho de produtividade. Muito difícil avaliar isso hoje. Mas vejo pessoas muito qualificadas apostando nesse caminho. A Clara Durodié, entre elas.
O modelo de hegemonia americana está no fim?
O modelo econômico dos EUA — consome-se hoje, o resto do mundo produz, e todo mundo compra dívida americana para financiar esse consumo — está com os dias contados? Essa é uma das teses centrais do Ray Dalio. Segundo ele, estaríamos vivendo uma transição secular de modelo monetário global. Aumento colossal da dívida americana, inflação mais estrutural e juros persistentemente mais altos estão no centro dessa mudança.
E a consequência disso?
Dívidas públicas elevadas reduzem a capacidade de absorver choques. E, apesar de não vermos sinais claros de colapso, aquilo que era considerado problemático há 20 anos — uma relação dívida/PIB de 100% — hoje é praticamente o novo piso em muitas economias. O Japão, por exemplo, já passa dos 250%.
E os ativos? Como navegar?
Diante desse cenário, parece que estamos, sim, vivendo a mudança que Dalio descreve. A dúvida — e que dúvida — é: como navegar isso? Quais ativos, quais classes, quais moedas?
Mas antes disso, se estamos mesmo passando para um novo modelo econômico mundial, a pergunta inevitável é: para onde estamos indo?
O modelo das últimas décadas foi, no geral, muito positivo. Paz relativa, globalização, integração produtiva, preços baixos, livre fluxo de capitais, produtos e mentes. Agora, a sensação é que quase todos esses vetores estão mudando — e não no sentido de mais liberdade. Estados estão mais presentes. E, mais do que isso, mais intervencionistas.
Já é assim em boa parte da Ásia. E aqui no Ocidente, tudo indica que vamos seguir por esse caminho. A visão de Elon Musk com o DOGE, por exemplo, não busca um Estado menor, mas sim um Estado mais eficiente — o que é ótimo. Mas é diferente de ser menos controlador.
Volatilidade como a nova constante
Um ponto importante dessa transição — como em qualquer mudança de ciclo dessa magnitude — é que ela não é linear. E pode, inclusive, não acontecer por completo. Esse fator, por si só, já é péssimo para os ativos de risco. Insegurança, incerteza. Volatilidade.
Temos visto isso nas últimas semanas — e não me parece que seja algo pontual. O que está barato hoje pode parecer caro amanhã. E o oposto também é verdadeiro.
A clássica corrida para liquidez em dólar já começou. Mas será essa a melhor estratégia? Ou o ideal seria ir direto para ativos reais?
Um dos pontos mais delicados dessa transição é que o modelo que Trump parece estar perseguindo exige investimentos gigantescos dentro dos EUA, com horizontes de longo prazo. E a própria incerteza criada pela forma como essa política está sendo conduzida vai contra a previsibilidade necessária para atrair esse capital.
Bitcoin: o antifrágil?
Se estivermos mesmo migrando para um mundo menos globalizado, com menor integração, mais inflação e menos liberdade para o fluxo de capitais, produtos e ideias — aqui eu não tenho como discordar dos maximalistas de Bitcoin: esse é o cenário para o qual o BTC foi criado.
E mais do que como reserva de valor, entra em cena o fator custódia. A liberdade de ter e manter o seu próprio ativo digital, fora do sistema, ganha peso num mundo mais fragmentado.
Não estou dizendo que é hora de “entrar com tudo” em Bitcoin. Mas digo que ter essa alternativa — e poder recorrer a ela quando quiser — é um privilégio. Agora, é bom lembrar: não espere linearidade. O preço do Bitcoin, assim como tudo neste novo ciclo, não vai andar em linha reta.
Um mundo mais parecido com os anos 80?
Temo que estamos voltando a um ambiente de mercado parecido com o da década de 1980. Mais inflação. Mais imprevisibilidade. Mais eventos difíceis de precificar.
E isso, por si só, implica em posturas de risco mais contidas.
Chego ao final da minha terceira tentativa de escrever esse texto sem uma conclusão fechada. E talvez isso seja o mais honesto que posso entregar agora. Tem muita variável voando. E isso torna a tarefa de organizar o pensamento ainda mais árdua.
Deixo abaixo alguns artigos, posts e publicações que li nos últimos dias e que me ajudaram muito nesse processo. E convido todos vocês a discutirem comigo nos comentários. Talvez juntos a gente consiga aparar algumas arestas — e, quem sabe, chegar a algo mais conclusivo.
Abraços,
Gustavo Cunha
Fontes sugeridas:
➡️ YouTube sobre a teoria dos ciclos – Ray Dalio: Changing World Order
➡️ Ray Dalio sobre tarifas e transição estrutural
➡️ Shay Boloor sobre o que esta acontecendo
➡️ Clara Durodie -U.S. Tariff Strategy: A New Playbook for Global Trade and AI Dominance? (Part 1)
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