O que se segue é a minha tentativa de organizar todas as discussões que tenho tido sobre o uso da blockchain na gestão de comunidades e como os dois principais tipos de tokens – fungíveis e não fungíveis – podem desempenhar esse papel. Nos últimos meses, estive imerso nesse debate, seja para aprimorar a interação da própria Fintrender com vocês, seja por meio das inúmeras conversas no Gotas.
Nos últimos anos, a forma como gerenciamos comunidades evoluiu significativamente com a ascensão do blockchain. Antes, falávamos de fóruns, redes sociais e programas de fidelidade, mas hoje tokens e NFTs adicionam uma nova camada de governança, incentivos e exclusividade.
A grande questão é: qual desses é o mais eficiente para a gestão de comunidades? Ou melhor, será que existe uma resposta única? Para entender essa disputa, precisamos analisar o papel dos tokens fungíveis e não fungíveis, suas aplicações práticas e os impactos no engajamento, governança e valor percebido dentro de uma comunidade. Vem junto!
Tokens Fungíveis
Tokens fungíveis, ou simplesmente tokens, – como os padrões ERC-20 na Ethereum – representam ativos que podem ser trocados entre si, como pontos de fidelidade ou até mesmo "ações" de um projeto. A fungibilidade quer dizer que existem vários tokens que conferem os mesmos direitos e tem as mesmas funções, tal qual uma nota de R$ 50,00 (tanto faz qual é). Eles conferem governança, incentivos econômicos e são facilmente negociáveis em exchanges descentralizadas (DEXs), funcionando 24/7 com liquidez instantânea.
A grande vantagem dos tokens na gestão de comunidades está exatamente nessa liquidez e divisibilidade. Eles podem ser distribuídos como recompensa, usados em staking ou servir para governança. Mas isso também vem com um lado negativo: a transparência do preço e sua volatilidade.
O Caso Dogecoin e o Poder da Comunidade
Um dos exemplos mais emblemáticos do impacto dos tokens em comunidades é o da Dogecoin (DOGE). Criada como uma brincadeira, esse token-meme conquistou uma base fiel e hoje tem um valor de mercado superior a 35 bilhões de dólares. O mais curioso é que essa comunidade conseguiu criar soluções e casos de uso reais para o token, algo que até analistas do mercado financeiro tradicional hoje reconhecem. (para ser preciso a Dogecoin é mais do que um token, ela é a criptomoeda nativa da blockchain com o mesmo nome, mas a analogia com um token continua válida)
Vantagens dos Tokens na Gestão de Comunidades
Governança – Muitos projetos utilizam tokens para permitir a participação da comunidade em decisões estratégicas, com o objetivo de se tornarem DAOs.
Recompensas e Incentivos – Tokens podem ser distribuídos via airdrop para usuários ativos, criadores de conteúdo e colaboradores.
Economia Interna – Projetos podem criar um ecossistema onde o token se torna a moeda oficial, permitindo a criação de mecanismos de staking e benefícios internos.
E as Desvantagens?
A transparência de preço pode ser um problema, pois a volatilidade afeta diretamente a confiança da comunidade. Imagine um programa de milhas baseado em tokens: o preço das "milhas" estaria sujeito às oscilações do mercado, tornando a previsibilidade muito mais complexa, e podendo até influenciar no preço das ações da cia aérea.
Muito influencers que tenho conversado morrem de medo dessa oscilação e da manipulação de mercado que podem ocorrer nos seus tokens e por isso acabam preferindo os NFTs.
Alem disso, fatores como a caracterização desse token como um valor mobiliário é sempre uma nuvem que paira no horizonte.
NFTs
Se tokens criam um senso de participação econômica, os NFTs constroem exclusividade e pertencimento. Como são ativos únicos e indivisíveis, eles são ideais para representar identidade digital, acesso a experiências especiais e itens colecionáveis.
Mas será que a prática corresponde à isso?
Minha experiência com os NFTs gerados pelo Gotas na Fintrender (já passamos de 2.500 NFTs emitidos!) mostrou que, tirando casos específicos (como um primeiro NFT ou um NFT comemorativo), os membros da comunidade os tratam como se fossem fungíveis. O NFT da newsletter de agosto-24 pode ser trocado pelo de janeiro-25 sem distinção, o que faz com que, na prática, percam um pouco da exclusividade que deveriam ter.
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Ou seja, talvez os NFTs sejam mais úteis para criar subgrupos dentro da comunidade. Um bom exemplo disso é o Bored Ape Yacht Club (BAYC) – lembra do NFT que o Neymar comprou por milhões? A despeito da queda no preço, a comunidade dos detentores do BAYC continua engajada, utilizando seus NFTs como um passaporte para eventos privados e networking.
Vantagens dos NFTs na Gestão de Comunidades
Identidade Digital – Projetos como o Ethereum Name Service (ENS) usam NFTs para representar perfis on-chain.
Acesso Exclusivo – Muitas comunidades exigem a posse de um NFT para participação, como o modelo de token gating no Discord.
Gamificação e Conquistas – NFTs podem servir como distintivos digitais, similares aos passes de batalha em jogos como Fortnite.
Royalties e Recompensas – Criadores podem emitir NFTs que geram royalties automáticos, um modelo já adotado por músicos e artistas.
E as Desvantagens?
Diferente dos tokens fungíveis, a liquidez dos NFTs é mais limitada. Além disso, os custos de emissão, transação e negociação ainda são altos, o que dificulta a adoção em larga escala. As principais plataformas de negociação, opensea e magiceden, ainda tem uma usabilidade muito pior dos que as DEX de tokens, com price discovery e liquidez muito mais complicadas.
Resuminho CHATGPT - Tokens x NFTs – Qual Escolher?
Por Que Não Usar os Dois?
No fim das contas, o ideal talvez não seja escolher entre tokens e NFTs, mas combinar os dois. Muitas comunidades já fazem isso para criar ecossistemas mais robustos.
Decentraland (MANA): Uma plataforma de realidade virtual descentralizada onde os usuários podem criar, experimentar e monetizar conteúdos e aplicativos. Os terrenos virtuais são representados por NFTs, enquanto o token MANA é usado para transações e governança dentro da plataforma.
Theta Network (THETA): Plataforma de streaming de vídeo descentralizada que permite aos usuários compartilhar largura de banda e recursos de computação em uma rede peer-to-peer. Os tokens THETA são usados para governança e recompensas, enquanto NFTs são utilizados para representar itens colecionáveis e ativos digitais exclusivos na plataforma.
Guild of Guardians: um jogo onde tokens fungíveis são usados na economia interna, enquanto NFTs representam heróis raros e skins exclusivas.
Essa abordagem permite equilibrar liquidez e valor de longo prazo.
E Agora, temos conclusão?
Bem, após dois anos operando com NFTs na Fintrender, talvez (e aqui ainda coloco um grande talvez!) seja hora de expandir para um modelo híbrido, incluindo tokens fungíveis para potencializar as interações.
Muito dessa reflexão vem dos testes que tenho feito com plataformas como Gofundmeme e Coinfast na Solana. A facilidade de criação, listagem e gestão de tokens está impressionante – e pode ser um dos grandes legados dessa recente onda de memecoins. Aconselho fortemente a todos que tem interesse no assunto ir lá e criar seus tokens e verificar isso.
Agora uma coisa que para mim é clara: lançamento de tokens é bem diferente de lançamento de nfts. Ao menos três pontos veem diretamente na minha mente quando falamos desse assunto: estratégia de lançamento, tokenomics e gestão futura. O quanto disso deve ser definido ex-ante do lançamento e o quanto deve ser endereçado no caminho são dúvidas para as quais não tenho resposta. Eu confesso que tinha essa mesma duvida quando comecei com nfts e hoje vejo que a melhor estratégia foi mesmo começar a fazer e ir navegando junto com a comunidade. Grandes surpresas, um imenso aprendizado e a sensação de estarmos construindo algo juntos é uma ótima sensação
E vou parar por aqui, senão este artigo já vira um manual sobre tokens e nfts e essa não é a idéia! 😉.
Agora, quero saber sua opinião! Algum ponto importante que deixei passar? Voce já teve experiência no lançamento de tokens ou NFTs? Como foi? Comente e vamos continuar essa conversa!
Abcs,
Gustavo Cunha
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