“Token” e “tokenização” são dois termos muito usados hoje em dia e que trazem um dos conceitos mais etéreos para o grande público.
Quando no começo da internet havia inúmeras discussões sobre como deveria ser sua arquitetura, culminando no modelo de TCP/IP que todos usamos hoje, essa discussão era feita em círculos fechados. Talvez você nem saiba que esse modelo é a coluna vertebral da internet e do WiFi ou 4G que você usa para baixar e ler este texto hoje.
Algumas décadas depois, a internet possibilitou que todos tenhamos acesso a discussões que antes se restringiam a técnicos e especialistas de determinado assunto. Um bom exemplo são as várias lives que a Fintrender está fazendo em conjunto com a AmFi e que chamam você para discutir assuntos superinteressantes quinzenalmente. Outro exemplo vê-se no próprio canal do Banco Central do Brasil no YouTube, que publica conteúdos e chama a sociedade — e aqui entenda-se sociedade como qualquer cidadão brasileiro — para ouvir, interagir e tirar dúvidas sobre o Real Digital, sua moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês).
Isso hoje só é possível por conta de todo o desenvolvimento que a internet proporcionou. E com ele vem a discussão deste artigo. Inúmeras discussões sobre tokens e tokenização com todos. Absolutamente todos. Ao mesmo tempo que isso é altamente inclusivo e bom, traz uma dificuldade inerente ao seu processo: a de explicar conceitos bastante técnicos e que requerem conhecimento prévio que nem todos têm. Afinal, serão os mesmos técnicos e especialistas que discutirão e moldarão isso daqui para a frente. Outro ponto de vista mostra que, com esforço e investimento de tempo, hoje todos podemos nos tornar um desses especialistas.
Mas qual a minha visão sobre tokens e tokenização no fim das contas?
De tudo que tenho estudado e acompanhado sobre o tema, a tokenização é um caminho sem volta. Tudo virará token! As vantagens de se utilizar um token, ou de se tokenizar algo, passam por temas como custo, transparência e rastreabilidade, entre outros. Os maiores obstáculos para chegarmos nesse futuro próximo estão na regulação e na constituição da rede por onde esses tokens transitarão.
Token é um ativo digital e, para que seja usado em sua plenitude, requer uma infraestrutura de rede onde ele poderá ser negociado, registrado, custodiado, “automatizado” etc. Isso parece fácil, mas não é. As redes públicas não permissionadas (ou seja, aquelas em que qualquer pessoa poder fazer transações e consultar o histórico delas sem necessitar uma autorização), como a Ethereum, esbarram em discussões como privacidade, escalabilidade e usabilidade. Enquanto isso, as redes privadas permissionadas não andam pari-passu com as redes legadas no quesito utilização e carecem ainda de mudanças nas regulações em vários casos. E é nesse cenário que navegam atualmente todos os projetos que envolvem tokenização.
Muita inovação acontecendo em várias redes e uma confluência de interesses e disposição do mercado cripto e financeiro tradicional para que tenhamos uma maior incorporação dessa tecnologia no último.
A popularização da tokenização no mundo passa por dois principais vetores, o de colocação de uma infraestrutura de rede para isso e a regulamentação dos inúmeros casos de uso que ela possibilita. Alguns deles podem implicar uma mudança significativa na forma como o mercado trabalha e nos agentes necessários para cada função.
Tendo eu vindo de uma vida pregressa 😉 em tesouraria e fundos de investimento, é nesse último que vejo uma transformação tectônica se aproximando. Casos como o da Enzyme ou de alguns outros protocolos de DeFi deixam isso superclaro.
Se você, assim como eu, acredita que a tokenização é o rumo para onde estamos indo, temos um mar azul pela frente e um momento atual ainda cheio de incertezas. É um ambiente propício para empreendedores que gostam de inovar, criar, construir e, por consequência, moldar essas novas redes e seus tokens.
E, voltando ao começo deste texto, diante de todo esse ambiente, a internet nos possibilita estar juntos, construindo, testando e utilizando esse novo mundo que, não tenho dúvidas, será muito melhor.
A provocação que fica é: qual é o seu papel nele?
*Texto escrito em parceiria com a AmFi e publicado originalmente no medium da AmFi em 27.jun.2023
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