📔Uma Blockchain para chamar de minha
O Crescimento das Blockchains Próprias e o Desafio da Interoperabilidade
Quando escrevi lá me 2021 um artigo com o título: Um mar de Blockchains meu foco foi nas Blockchains públicas, ou não-permissionárias, que é o termo mais preciso, e o que tenho visto recentemente é uma continuidade desse mesmo efeito agora no mundo das Blockchains permissionárias.
Hoje o que vejo é todo mundo querendo montar uma Blockchain permissionária para chamar de sua. A começar pelos próprios Bancos Centrais. Uma coisa muito curiosa nesse sentido é que a maioria das discussões sobre CBDC são focadas no token em si, a própria CBDC, mas pouco se discute sobre a infraestrutura pela qual essa CBDC (token) irá transitar. No campo digital, isso precisa estar lá. E o que está acontecendo é que vários Bancos Centrais estão desenvolvendo suas próprias infraestruturas. DREX é um exemplo nesse sentido. Uma Blockchain para o Banco Central do Brasil chamar de sua.
Além disso, recentemente tivemos os lançamentos da rede Blockchain da Nuclea e o anúncio de que a Anbima está também desenvolvendo uma rede de Blockchain. Mais uma vez cada qual com uma rede para chamar de sua. Ah! Tivemos também o lançamento da Rede Blockchain Brasil, aqui com um grupo de participantes e não exatamente uma rede de Blockchain para chamar de sua, mas que tem um conceito mais aberto em relação a participantes. Parfin tb, criou uma Blockchain para chamar de sua, a Rails. E aqui me limitei ao que tenho visto no mercado brasileiro, se expandirmos para o mundo, a tendência é a mesma, com casos como Sony, BNP e vários outros bancos europeus, Visa, entre outros, criando também Blockchains para chamar de suas.
No mundo não permissionário continuamos com Blockchains para todo lado. Chiliz para fan-tokens e esportes, é um exemplo que me vem rápido à cabeça, mas existem vários outros.
Uma enormidade de Blockchains. Todo mundo quer a sua. E isso é bom?
Acho fenomenal. Essa expansão enorme de Blockchains permissionária é o embrião de uma rede muito maior e que está sendo formada. Pegando o exemplo da internet, essa também começou com uma enormidade de intranets e que depois, com a consolidação de padrões, TCP/IP sendo o principal aqui, veio a ser o que hoje conhecemos como internet. Aqui tudo segue o mesmo caminho.
E, muito embora hoje haja uma resistência enorme do uso das redes públicas não permissionárias, a ponto de um working paper recente do BIS, levantar os pontos pelos quais os agentes regulados do mercado financeiro tradicional não as deveria usar, acho que é questão de tempo para que todas essas Blockchains permissionada e não-permissionadas tenham padroes e comunicação e estejam conectadas e “juntas” nessa enorme rede.
E volta a pergunta que fiz lá no texto de 2021. Como será a interoperabilidade entre elas? Como resolver isso? Esse é o grande pulo do gato nesse quesito de consolidação e de criação da grande rede mundial de Blockchain. Um pedaço desse quebra-cabeças eu já consigo dizer qual é: o padrão EVM. Esse padrão já é utilizado por quase toda Blockchain e faz com que o custo de se estar fora dele no desenvolvimento de uma Blockchain para chamar de sua seja grande. Ninguém quer desenvolver sua Blockchain de maneira a isolá-la do mundo, sem que seja possível conectá-la com outras e ser compatível EVM ajuda muito nisso.
Quanto à forma de conectar essas blockchains, tudo está ainda muito nebuloso. Temos várias iniciativas correndo. Chainlink e várias Blockchains que se intitulam Layer zero estão nessa corrida. Aqui, assim como no caso da imensidão de blockchains não-permissionárias que está sendo criadas, essa proliferação é ótima e cria vários modelos e que em algum momento se consolidam em um único padrão, seguindo o que aconteceu com o TCP/IP que já comentei aqui.
Um outro ponto implícito nesse artigo e que vale a pena ressaltar é que, por estarmos em um ambiente majoritariamente de código aberto, a proliferação de novas Blockchains não esbarra em coisas como propriedade intelectual, falta de acesso a código etc. Está tudo lá, em geral no github, para quem quiser levantar sua Blockchain o fazer. Atualmente isso requer ao menos um pouco de capacidade de programação, mas com o desenvolvimento de AI isso se faz cada vez menos necessário. A título de curiosidade pedi ao CHATGPT para me gerar a Fintrenderchain… e depois de algumas interações lá vem o código dela. Não testei, até porque não sei programação e esse não era o objetivo (ainda não quero uma Blockchain para chamar de minha 😉), mas está aí…
Bem, esse estica e puxa de criação de várias e depois um movimento de integração, maior eficiência, e até centralização sob alguns aspectos, vejo ocorrer em vários setores de tecnologia e aqui, no de infraestrutura de blockchain, não deveria ser diferente. Então se você em algum momento pensou em criar uma Blockchian para chamar de sua, vá em frente, esse processo é muito importante para o futuro e, quem sabe nesse caminho voce não esbarra/cria uma forma de integração que será o novo padrão mundial?
Abcs,
Gustavo Cunha
Seguimos em contato nos links abaixo:
FinTrender.com, YouTube, LinkedIn, Instagram, Twitter, Facebook e podcast FinTrender