🤔 Você escuta — ou só espera sua vez de falar?
Uma reflexão sobre atenção, aprendizado e a arte de ouvir num mundo saturado de vozes.
Será que ainda sabemos escutar?
Estamos ficando surdos num mundo cada vez mais barulhento. A tecnologia multiplicou os canais, os formatos, as possibilidades de fala. Mas será que, no meio desse turbilhão, a escuta não foi ficando para trás?
Será que estamos desaprendendo a escutar?
Questiono isso por experiência própria. Leio relatórios na transversal. Escuto quase tudo em velocidade 1.2x ou mais. Prefiro textos a vídeos porque posso escanear rapidamente e ir direto ao ponto. Uso inteligência artificial para resumir vídeos, artigos, posts. O tempo inteiro. Se você, como eu, se reconhece em alguma dessas atitudes, vem comigo nessa reflexão.
A comunicação nas redes é, muitas vezes, unilateral. Escrevemos, postamos, reagimos — mas escutamos pouco. Afinal, por que ouvir alguém cujo contexto, valores e ponto de partida mal conhecemos?
Mas é justamente a escuta que nos permite compreender o outro. Sem escutar, não há aprendizado. Sem escutar, não há diálogo. Sem escutar, não há construção coletiva.
Numa conversa recente com amigos, surgiu uma provocação: com a inteligência artificial escrevendo cada vez melhor, será que estamos, nós, desaprendendo a escrever? A discussão foi além. Talvez estejamos também desaprendendo a ler — ou, ao menos, lendo de outro jeito. Podcasts, audiobooks, resumos acelerados. Não é um fenômeno criado pela IA — mas com certeza foi potencializado por ela.
Estamos sendo treinados para absorver mais… mas de forma mais superficial?
Desaprender faz parte do caminho. Mas não significa esquecer — significa abrir espaço para olhar com novos olhos.
O conhecimento que acumulei em mais de 20 anos no mercado financeiro não foi descartado quando mudei de rumo profissional. Pelo contrário: ele foi ressignificado. Me ajuda a entender os desafios dos executivos com quem converso hoje — mesmo atuando num campo totalmente diferente.
Escutar de verdade é uma prática. E exige esforço.
Nas mais de 250 entrevistas que conduzi nos últimos 8 anos, aprendi que a escuta é tão importante quanto a pergunta. A conversa só ganha profundidade depois de 10 ou 15 minutos, quando começo a “ler” o entrevistado. Entender onde ele — ou ela — se sente mais à vontade. É ali que o aprendizado acontece.
Mesmo quando o tema me é familiar, muitas vezes preciso conter o impulso de interromper, de explicar melhor. Aprendi a deixar o outro falar. Aprendi a escutar.
Quando me tornei diretor no Rabobank, uma coisa ficou evidente: quanto mais alto você sobe, menos tempo tem para consumir conteúdo técnico. São reuniões, alinhamentos, decisões. E, paradoxalmente, muito do que se espera de você nesse nível é escuta.
Escutar a equipe. Escutar os pares. Escutar os ruídos do ambiente.
Liderança não é só sobre falar bem. É sobre saber quando calar — e escutar profundamente. Quem nunca ouviu á máxima de que temos duas orelhas e uma boca e que por uma razão?
No mundo atual, o espaço para ser ouvido está cercado por um oceano de discursos apressados, simultâneos e, muitas vezes, vazios. Como se destacar nesse ruído? Talvez a resposta esteja no oposto: escutar.
Só quando reaprendemos a escutar é que entendemos o que realmente vale a pena ser dito — e como dizer da forma certa, para a pessoa certa, na hora certa.
Lembro de uma outra reflexão que compartilhei tempos atrás, sobre abundância: “Quando tudo virar commodity, o que restará?” Quando tudo está disponível, o filtro mais valioso se torna a atenção. Saber o que e quando falar, e o que e quando ouvir, será o grande diferencial daqui pra frente.
Escutar para aprender a falar. Falar para aprender a escutar.
Um ciclo. Uma prática. Um caminho.
Escrevi este artigo como parte de um desafio pessoal: publicar cinco textos em uma semana. Falei muito e sobre assuntos bastante técnicos — é verdade. Mas, curiosamente, escutei muito também. As trocas, os comentários, as provocações que surgiram nesses dias foram ricas, inesperadas, transformadoras.
Escrever para mim também é escutar. É provocar esse mundo onde todos querem falar e escutar.
Por isso, encerro este texto como comecei: com os ouvidos (e olhos) bem abertos. E, como sempre, com perguntas.
Você também sente que vivemos cercados de vozes — mas com pouca escuta real?
Em que momentos essa ausência de escuta fica mais evidente para você?
Será que estamos aprendendo mais… porém com menos profundidade?
Será que essa lógica acelerada está nos empurrando para relações mais rasas — e, quem sabe, até sistemas mais autocráticos?
Não tenho todas as respostas. Mas sigo fazendo perguntas.
E você, o que tem a me dizer?
Abraços,
Gustavo Cunha
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Gu, felizes os humanos que souberem ouvir, mas isso me parece que vem com a idade.
aprendi a filtrar, escuto mais e falo pouco e percebi quanta porcaria está no ar.
A poluição não é mais a ambiental que prejudica e sim a mental (muita cráka sugando mentes incautas).
E Tu tá bem, um forte e suntuoso abraço.
Simon Sinek me ensinou que um verdadeiro líder é aquele que escuta todos da sala enquanto falam, para só depois dar sua opinião. Com isso não perde a oportunidade de ouvir pontos de vista dissonantes do seu, que provavelmente seriam calados se falasse primeiro. Ótimas reflexões do seu texto!