💱 Câmbio via cripto no Brasil: A volta do “dólar black”?
Stablecoins operam de forma legal, mas expõem a defasagem entre inovação e regulação.
Logo após o lançamento do meu tutorial sobre como usar cripto exchanges e stablecoins para fazer câmbio de forma mais rápida, eficiente e sem burocracia, recebi dois comentários que sintetizam com precisão as tensões desse tema — ambos de pessoas que conheço bem, respeito e considero muito.
O primeiro foi direto ao ponto:
“Nossa, o dólar black voltou!”
O segundo, com seu conhecido estilo polêmico e divertido (que adoro!), veio com essa:
“Stablecoin para FX no Brasil é um pretexto pra evasão de divisas com tech gourmet!”
As provocações são ótimas — e não tenham dúvidas de que adoro debates e conversas como essas.
Mas vamos ao que realmente importa.
Sempre que uma inovação rompe com os canais tradicionais, ela pisa em terreno regulatório instável. É natural que surjam dúvidas, críticas e interpretações enviesadas. Mas é justamente nesse espaço entre o velho e o novo que as maiores mudanças são moldadas.
Para quem não viveu os anos 90 no Brasil, o chamado câmbio black era o mercado paralelo de dólar — informal, muitas vezes ilegal e completamente fora do radar do Banco Central. Pessoas físicas e empresas trocavam moeda no “fio do bigode”, sem controle ou rastreabilidade. Era uma resposta ao excesso de burocracia, ao câmbio múltiplo e, claro, à instabilidade econômica da época.
Hoje, ao falarmos de stablecoins, a única semelhança que vejo com aquele sistema é a ausência de registro automático no Banco Central. O restante é outro planeta. As operações com cripto ocorrem em redes auditáveis, com intermediários que — em sua maioria — operam com KYC, compliance e já reportam dados à Receita Federal. A lei brasileira exige, desde 2019, que qualquer movimentação cripto acima de R$ 30 mil por mês seja informada.
Não estamos no subterrâneo financeiro — estamos em um ambiente emergente, em transição, que tem inúmeras vantagens sobre os meios tradicionais de transferências de valores internacionalmente (e já falo sobre isso um pouco mais à frente).
Sim, ainda existe uma zona nebulosa. A legislação cambial foi modernizada, mas ainda não contempla diretamente os ativos digitais como instrumentos legítimos de câmbio.
No caso do IOF, por exemplo, nem consigo imaginar como conseguirão encaixar essa lógica em um sistema descentralizado. É como tentar forçar um bloco quadrado dentro de um espaço circular — o modelo antigo simplesmente não se ajusta à nova realidade.
Isso cria um vácuo regulatório: a operação ainda não é formalmente enquadrada como câmbio, mas também não é ilegal, desde que respeite as exigências fiscais e não envolva estruturações voltadas à evasão, lavagem de dinheiro ou ocultação patrimonial.
É claro que, como qualquer instrumento financeiro, stablecoins também podem ser usadas para fins ilícitos. Mas isso não as torna um problema em si — da mesma forma que o dólar ou o próprio sistema bancário tradicional também são frequentemente usados em esquemas ilegais.
O que realmente importa é o uso e o intuito — exatamente como já ocorre no mercado financeiro tradicional.
Estamos diante de uma típica defasagem entre regulação e tecnologia. Algo que já vimos acontecer com o próprio mercado de capitais, com os bancos digitais e agora com os criptoativos. E, como sempre, o mercado se antecipa — porque as pessoas querem soluções mais baratas, rápidas e eficientes. E elas existem.
O uso consciente de stablecoins para câmbio pessoal não é “tech gourmet para evasão”. É simplesmente um reflexo do mundo em que vivemos: mais digital, mais descentralizado e cada vez mais fora dos canais convencionais. Uma alternativa que, há pouco mais de dez anos, sequer existia — e que agora começa a ganhar tração.
A regulamentação está a caminho — especialmente após os Estados Unidos darem sinais claros de que pretendem estruturar um ambiente mais definido para stablecoins lastreadas em dólar, que, como já destaquei em outro artigo, dominam esse mercado globalmente.
Mas essa regulação não virá para anular a inovação. Pelo contrário: ela tende a integrá-la aos sistemas tradicionais, tornando-os mais eficientes, acessíveis e compatíveis com a realidade digital em que já vivemos.
Claro, isso demanda tempo. E, nesse intervalo, a pergunta é inevitável:
por que não aproveitar para começar agora a migrar suas operações de câmbio para uma alternativa mais direta, barata e funcional?
Até lá, cabe a nós — usuários, profissionais e construtores desse ecossistema — atuar com responsabilidade, transparência e clareza sobre o cenário em transformação.
Porque o blockchain não está apenas mudando o jeito de enviar dinheiro — ou redesenhando o futuro do câmbio.
Ele está se consolidando como a espinha dorsal de uma nova infraestrutura global, que promete um upgrade em praticamente todos os sistemas que conhecemos.
E o setor financeiro é, sem dúvida, um dos primeiros a sentir esse impacto — e um dos que mais têm a ganhar.
Abraços,
Gustavo Cunha
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