💵 Pagamentos sem carteira, sem celular, só você
O Avanço dos Pagamentos Biométricos
Uma das grandes complicações em termos de pagamentos no mundo é reconhecer que a pessoa que está pagando é mesmo a pessoa que tem aquele dinheiro. Essa atividade depende, nos pontos de venda do mundo (restaurantes, lojas, metro etc.), de dois agentes: o que recebe o pagamento e o que o faz, e a forma de interação entre eles é o que permitirá que a transação seja executada. Vamos a eles.
Para quem recebe o pagamento, se ele é feito em dinheiro (cash) a única preocupação é saber se aquele dinheiro é falso ou não. Se for verdadeiro, está resolvido. No campo digital, atestar que o dinheiro foi transferido de maneira irrevogável para sua wallet ou conta, resulta no mesmo resultado.
A questão parece super fácil, mas por conta de mecanismos de controle do governo no que tange a lavagem de dinheiro e combate ao terrorismo, as coisas se complicaram um pouco nas últimas décadas, principalmente para valores maiores. Por exemplo, tente vender um apartamento de milhões de Reais, recebendo em dinheiro, e depois depositar o dinheiro no banco. O nível de questionamento e documentos que você tem que preencher é enorme. Isso vale para o campo digital. Sempre que há recebimentos diferentes do padrão na sua conta do banco, pode esperar que o seu gerente te ligará para questionar a título do que foi aquele recebimento. Bem, se está tudo dentro da lei e respeitando as regras do sistema bancário, é só questão de burocracia e explicação, mas não deixa de ser bastante chato.
Quando mudamos para o outro lado da equação, o do pagador, o grande ponto de atrito é saber se ele é mesmo o detentor daquele valor que está usando para fazer o pagamento. Novamente, se ele o faz via dinheiro, não há por que duvidar. Ele tem acesso ao dinheiro que está na mão dele e pronto. Agora quando passamos para o campo digital a coisa se complica um pouco.
Há sistemas mais simples e diretos como o utilizado por criptos (bitcoin, Ethereum etc.) onde a posse daqueles valores é de quem tem a chave privada (senha) para os acessarem. Não há link entre a pessoa e a senha aqui. Essa senha pode ser um dia minha e outro dia sua, por exemplo. A vantagem é que você tem acesso direto aos valores da sua carteira, sem necessitar de intermediários. A desvantagem é que se alguém tiver acesso à sua senha gasta tudo que está lá e você não tem para quem reclamar.
Nos sistemas financeiros atuais a relação não é direta como essa. Sempre há um intermediário para atestar que aquela conta pertence a você. Os principais nessa cadeia são as redes de cartões Visa e Mastercard. Suas redes são feitas para que você consiga gastar o dinheiro que você tem e para isso é primordial que eles consigam atestar que quem está querendo utilizar o dinheiro (ou crédito) que ali esta é quem efetivamente pode fazer isso.
Há inúmeras formas de se fazer isso e as separaria em transações presenciais e online. Nas presenciais em geral há a necessidade de ser ter um dispositivo capaz de verificar a identidade do pagador. As maquininhas de cartões, os APPs dos celulares estão entre os mais reconhecidos mundo afora. Eles requerem que a pessoa que vai ser verificada tenha também algum tipo de dispositivo (cartão, celular com reconhecimento facial, APP do banco etc.). Ou Seja, além do estabelecimento ter que ter um dispositivo, o usuário que será testado também tem que ter algo. Mas as coisas estão mudando rápido aqui.
Desde a minha primeira conversa com o Eladio da Payface, há 4 anos, que tenho acompanhado não só essa iniciativa no Brasil, mas inúmeras outras no mundo que tem o intuito de tirar essa necessidade de nos termos que ter dispositivos conosco para poder fazer pagamentos.
O grande desafio aqui é a plataforma que irá liberar o acesso a sua conta ou wallet ter certeza de que você é você mesmo. O celular faz isso via reconhecimento facial, mas daí precisamos carregar ele. Dentre as iniciativas onde não temos que ter nenhum dispositivo, a Payface faz isso via uso do cadastro da sua face e conecta isso com o dispositivo de pagamentos do ponto de venda. Ou seja, você só precisa “mostrar sua cara” para autenticar o acesso a sua conta e fazer o pagamento.
Uma outra forma que está tomando a China desde o começo do ano é a autenticação via a palma da mão. A Tecent, gigante de pagamentos na China, lançou isso no início do ano e a adesão está enorme. Com a palma da mão você pode pegar metro e fazer pagamentos, por exemplo. Tudo sem ter que ter nenhum dispositivo.
Em termo mais globais, temos também o Sam Altman, CEO da OpenAI, nessa com a iniciativa de identificação em WEB3, a WorldCoin que usa sua iris para o identificar. A ideia aqui não é exatamente para pagamentos, mas ela atinge a principal dor desse mercado no ponto de venda que é a questão da identificação da pessoa.
Eu torço para que tenhamos alguma dessas iniciativas implementadas de modo amplo logo e não precise mais carregar nada comigo quando saio de casa. A carteira física (com documentos, cartões e dinheiro) já carrego somente esporadicamente e ouso dizer que na maioria dos dias saio somente com o celular de casa. Isso já é possível, mas adoraria não ter que levar nada mais.
O pessoal de dados, talvez não goste muito disso, já que sem o celular conosco o tempo todo deixamos de gerar dados para eles. Mas para nós, quer coisa melhor? Talvez daí entremos mesmo em web3 e DEPIN e fique claro que para fazer com que utilizemos devices para gerar dados temos que ser pagos por isso? A ver.
Mas voltando ao ponto, tenho visto inúmeras iniciativas que nos ajudarão em breve a poder sair de casa sem nenhum dispositivo e isso é ótimo. A grande barreira que acredito que temos é a atualização dos dispositivos nos pontos de venda de tal forma que eles consigam atestar nossa identidade pela nossa face, mão, íris, ou qualquer outra.
E no que tange aos pagamentos online, vou deixar para um texto futuro para esse não virar um livro 😉.
Abcs,
Gustavo Cunha
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Utilizados para esse texto:
You can now pay with your palm in China – from the metro to your coffee | CNN Business
No need for cash or cards when you can pay with the palm of your hand (usatoday.com)
Payface lands new retail biometric payments deal in Brazil | Biometric Update
Carrefour trials palm biometric payment system in Paris: A first in Europe (connexionfrance.com)
Bacana o artigo Gustavo! Nao paro de pensar no Amazon One, que a Amazon parece engatinhar em avançar em redes como a Panera Bread - onde estão há no mínimo 2 anos testando.
Payment Method & Loyalty Program com a palma da sua mão. Voce visualiza, nos materiais de PDV (Ponto de Venda) & LSM (Local Store Marketing) da loja e proximidades, os benefícios pra quem estiver cadastrado no programa de fidelidade da marca/rede, e na hora de "passar no caixa" faz o pagamento com a palma da mao tendo a seguranca que pagou menos por ser cliente fiel, ganhou pontos multiplicados XYZ por ser categoria Premium, etc.
But I mean, estao fazendo as coisas num ritmo de transatlantico, vagaroso... nao dá pra aceitar... ;-)
Ótimo tema. Infelizmente, falando de Brasil, ainda esbarramos na questão de segurança que precisa ser incorporado em todas a inovações. Isso me deixa chateado. Pois isso faz com que a adesão a inovacao seja mais lenta. Pois sempre ficamos com o pé atrás. Basta ver o Uber. Tem tanta "picaretagens" que surgiram aqui, que eu fico imaginando o time da Uber sem acreditar.
Enfim, sou um entusiasta e quero ver muita coisa nova acontecendo.