❓Qual a melhor hora de comprar cripto?
Preço alto, exposição zero: o risco é maior estar dentro ou fora?
Essa é, talvez, uma das perguntas mais recorrentes que escuto quando o assunto é investimento em cripto. E, como em quase tudo no mundo dos investimentos, a resposta curta é: depende. Mas a resposta certa, e mais relevante, é que se você ainda não tem absolutamente nada de cripto na sua carteira, a hora de entrar foi ontem. Porque estar 100% fora desse mercado, em um momento de transformação estrutural do sistema financeiro global, é hoje um dos maiores riscos que um investidor pode correr.
Antes que perguntem: sim, quando escrevo, estamos com boa parte dos criptoativos — especialmente os mais relevantes, como Bitcoin e Ethereum — rondando ou até renovando suas máximas históricas (os tão comemorados All Time Highs). Isso, para o investidor desavisado, pode parecer um sinal de alerta, um "já passou o bonde". Mas é justamente o contrário.
O risco de estar fora
Imagine que você está montando uma carteira diversificada de longo prazo, pensando em aposentadoria, proteção contra inflação, ciclos macroeconômicos imprevisíveis e, claro, algum nível de crescimento exponencial. Agora pense que há uma classe de ativos que vem consistentemente superando boa parte das demais em termos de retorno nos últimos 10 anos, que se mostra cada vez mais integrada ao sistema financeiro tradicional, e que ainda está apenas nos seus primeiros capítulos em termos de adoção institucional. E você está com alocação zero. Isso faz sentido?
Estar completamente desalocado é uma posição tática — e extremamente arriscada — que precisa ser justificada com bons argumentos. E a maioria das pessoas simplesmente está fora porque não estudou o suficiente para se sentir confortável. Mas isso pode ser corrigido. O que não dá é continuar na inércia. Alias, a inércia é um dos erros mais perigosos que um investidor pode cometer.
A porta de entrada é o Bitcoin, mas não pare por aí
Para quem ainda não começou, o caminho mais natural é iniciar com o Bitcoin. Não apenas por ser o ativo mais consolidado, com maior liquidez e reconhecimento institucional, mas porque ele representa uma tese bem sólida dentro do universo cripto: reserva de valor digital, escassa, descentralizada e antifrágil. Em tempos de expansão monetária desenfreada e políticas fiscais frágeis, o BTC é o equivalente moderno ao ouro.
Mas limitar-se ao Bitcoin é como investir apenas em ações da Petrobras no auge do ciclo de commodities. Existe um universo de possibilidades, narrativas e tecnologias que vão muito além. O Ethereum, por exemplo, é a espinha dorsal de todo o ecossistema de contratos inteligentes e aplicações descentralizadas — de DeFi a NFTs, passando por infraestrutura de dados, identidade digital e tokenização de ativos. Já redes como Solana, Avalanche, Arbitrum e tantas outras estão atuando em frentes específicas, buscando resolver gargalos como escalabilidade, custo de transação e usabilidade, cada uma com abordagens técnicas próprias e, claro, diferentes níveis de risco.
E isso é apenas a camada de base, a infraestrutura sobre a qual todo o restante é construído. A verdadeira transformação acontece no que está sendo desenvolvido em cima dessas redes — um ecossistema de aplicações, protocolos e serviços descentralizados, cada um com seu token, seu modelo de incentivo, sua governança e sua tese de valor. Eu, pessoalmente, gosto bastante do setor de finanças descentralizadas, o chamado DeFi, que tem por base a reconstrução o sistema financeiro global em código aberto, transparente e programável.
Mas o leque é muito mais amplo: já há ínumeras soluções nas áreas de telecomunicações, plataformas de governança comunitária, redes voltadas à privacidade, modelos experimentais de renda básica universal, projetos de preservação ambiental, e até iniciativas para financiar pesquisa científica por meio de DAOs.
Ou seja, não estamos diante apenas de uma nova classe de ativos, mas sim de uma nova arquitetura econômica e digital em plena formação. E é esse pano de fundo que deve nortear qualquer decisão de investimento nesse mercado.
Narrativas em construção
Dentro desse contexto, diversas frentes do universo cripto já começam a dialogar diretamente com setores tradicionais da economia — construindo pontes entre o mundo nativo digital (cripto) e o sistema financeiro tradicional:
Real World Assets (RWA): a tokenização de ativos do mundo real, como títulos do Tesouro, ações, imóveis e commodities.
Stablecoins: uma inovação que está transformando o dinheiro como o conhecemos e é tema central do meu livro (A tokenização do dinheiro)
DeFi institucional: várias plataformas de DEFI já dialogam com compliance, KYC, fazem integrações com custodians regulados e com isso aproximam muito tradfin e cripto
Infraestrutura de dados: protocolos que conectam dados do mundo real às blockchains, permitindo que contratos inteligentes operem com base em informações externas, como preços e eventos.
Ou seja, a tese já não é mais apenas especulação. É reconstrução do sistema financeiro em andamento
Como entrar?
A primeira regra é simples: não entre tudo de uma vez. O chamado Dollar Cost Averaging (DCA), ou seja, aportes recorrentes ao longo do tempo, é a melhor forma de construir posição em ativos voláteis (que variam muito de preço) como cripto. Se você investir R$ 1.000 por mês, por exemplo, durante 12 meses, vai suavizar bastante o impacto de qualquer correção brusca no curto prazo. O foco aqui é o longo prazo. Um ciclo completo de cripto, com altas e baixas, costuma durar entre 3 e 4 anos. Então, por que o timing do mês importa tanto?
Além disso, hoje está mais fácil do que nunca entrar com segurança. Diversos produtos já existentes no mercado financeiro tradicional (TradFi) oferecem exposição ao mundo cripto com as ferramentas que o investidor já conhece. Fundos passivos com exposição direta a Bitcoin e Ethereum, ETFs listados na B3, fundos multimercado com derivativos de cripto, notas estruturadas. Tem até COE (Certificado de Operações Estruturadas) com barreira de proteção parcial.
Ou seja, você já pode ter cripto dentro do mesmo home broker onde compra ações da Vale ou aplica em Tesouro Direto. Isso elimina boa parte da fricção inicial que afastava o investidor tradicional — como a necessidade de custodiar suas próprias chaves privadas ou lidar com corretoras internacionais. Mas vale lembrar: nesses produtos você não tem a posse real dos ativos, apenas acompanha o preço.
A convergência é inevitável. De um lado, bancos centrais e reguladores do mundo inteiro estudam modelos de moeda digital (via CBDCs ou Stablecoins). Do outro, gestoras tradicionais como BlackRock, Fidelity e Franklin Templeton não apenas estão lançando produtos baseados em cripto, como já estão construindo infraestrutura dentro das redes descentralizadas — como o caso da tokenização de ETFs em blockchains públicas.
Portanto, já faze tempo que não se trata mais de “cripto versus o sistema”. A questão agora é como o sistema será redesenhado nos próximos anos — e qual o seu lugar dentro dessa transformação. Se você também enxerga esse movimento, não faz sentido ficar parado. Você pode — e, sinceramente, já deveria — estar posicionado. Está esperando o quê?
Conclusão
A melhor hora para comprar cripto era 10 anos atrás. A segunda melhor hora é agora — desde que feito com estratégia e ponderação de risco. Comece com pouco, aprenda o funcionamento, diversifique narrativas, e use os produtos disponíveis no mercado tradicional para facilitar sua entrada. O pior erro que você pode cometer é ficar de fora. Porque, no fim das contas, o maior risco hoje não é o Bitcoin cair 20% numa semana — é você estar 100% fora de uma revolução financeira que já começou. Concorda?
Abraços,
Gustavo Cunha
* Artigo publicado originalmente na minha coluna do Valor Investe em 13 de agosto de 2025
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